Roma, Itália - O famoso escritor e ensaísta italiano Umberto Eco apresenta nesta semana na Itália seu novo romance, "Número zero", uma espécie de manual do mau jornalismo ambientado na redação de um jornal imaginário. O novo livro do influente intelectual italiano, autor do famoso romance "O nome da rosa" e de importantes tratados de semiótica, é uma história de ficção ambientada em 1992, um ano particular para a Itália contemporânea, marcado pelos escândalos de corrupção e pela investigação "Mani Pulite" (Mãos limpas), que arrasou com boa parte da classe política da época.
No livro, o semiólogo se diverte citando frases famosas ou lugares comuns do jornalismo, como "no olho do furacão", "um duro revés" ou "com a água no pescoço". "Não é necessário estrangular a avó para perder a credibilidade. É suficiente contar que o juiz usa meias na cor laranja. Por que será?", contou Eco citando um caso verdadeiro durante uma longa entrevista à RAI. Graças aos delírios de um redator paranoico, Eco conta fatos concretos, mas reconstruídos a partir de teorias bizarras ou que se entrelaçam estranhamente com outras e que terminam por criar uma nova notícia.
É o caso da loja maçônica P2, do suposto assassinato do papa Luciani (João Paulo I), dos cúmplices das brigadas vermelhas que trabalhavam para os serviços secretos, dos tentáculos da CIA, dos atentados e até de um falso cadáver de Benito Mussolini com o qual conseguiram salvá-lo e enviá-lo à Argentina. Todas são histórias que o leitor não conseguirá determinar se são fatos inventados ou a descrição da realidade, segundo o escritor. Trata-se do sétimo romance de Eco, que publicou, entre outros, "O Cemitério de Praga" e "O Pêndulo de Foucault".