Brasília, em novembro, foi bem mais que isso. Dona de voz e trejeitos calmos e muito conhecida pela serenidade, a atriz literalmente ;causou;. Não apenas pela foto polêmica na qual aparecia deitada no estacionamento de um conhecido restaurante da cidade, após uma noite regada a pisco (destilado à base de uva original do Peru), mas por dizer não ao falso moralismo.
Aos 42 anos, Sabatella virou musa underground e até participou de um deitaço a seu favor no Balaio Café. Ao mesmo tempo, foi aplaudida pela atuação impecável na densa peça que contava a história de três heroínas gregas. Aqui, também deixou claro o engajamento social ao apresentar-se para pacientes do Hospital Sarah Kubitschek.
Com trabalhos na tevê (formato em que estreou, em 1991), cinema e teatro, Sabatella se diz orientada por dois extremos: transcendência e sobrevivência. Ao Correio, a atriz disseca assuntos como sua orientação política, assumidamente de esquerda, assunto que, vez ou outra, lhe rende alguns contratempos. ;Temos que ter senso crítico, não podemos agir como quem veste a camisa de um time e a abraça eternamente, independentemente de perdas e ganhos;, avalia.
Sua passagem por Brasília ficou marcada por um acontecimento curioso: o Deitaço no asfalto, movimento de apoio realizado após a divulgação de uma foto sua deitada no estacionamento de um restaurante da cidade, que acabou se tornando um viral. Como se sentiu diante dessa situação?
Bem, quando li a notícia, pensei: ;que saco, mais uma invenção de certo colunista a meu respeito, uma pessoa, aliás, que sempre distorce a realidade;. Não dei maior importância. Fui a Araxá, onde fizemos um show maravilhoso, no teatro Municipal, mas quando voltei a Brasília, vi que tinha repercussão negativa e resolvi escrever aquele brinde. As pessoas não são mais tão bobas e a solidariedade divertida de tanta gente está dando uma ridicularizada nesta imprensa de intriguinhas. Na página do Deitaço, as pessoas postam poesias, fotos e reflexões sobre a liberdade de expressão, liberdade dos corpos, cidadania; Houve muito carinho. Como eu disse: há malas que vêm para o bem!
Você optou por não fazer publicidade, dissociando a imagem da atriz e da celebridade. Tem conseguido se manter fiel a esse princípio?
Acredito que sim. Cada vez mais, tenho me permitido parcerias, porque vivemos em um mundo onde é complicado fazer uma peça ou um show e não contar com a parceria de uma empresa. Boas parcerias, de um modo ou de outro, são feitas. Querendo ou não, apareço na tevê usando determinada marca de roupa ou batom e quando menos imagino, estou fazendo parte desse mercado. Já pensei na possibilidade de gravar comerciais e usar o dinheiro para construir uma independência e produzir trabalhos legais, projetos pessoais, mas não sei se levaria isso adiante. Sempre que chega algum projeto, me consulto intimamente e pondero, porque tudo é uma faca de dois gumes.
O que leva em consideração antes de aceitar um papel? É preciso haver conexão entre quem você é intimamente e a personagem que irá encarar?
Vejo se bate e analiso o trabalho como um todo ; equipe, linguagem, experiências pessoais. A questão transcendência e sobrevivência estão sempre implícitas em todas as minhas escolhas.
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