postado em 30/11/2014 08:09
Mineira da pequena Sacramento, Carolina Maria de Jesus viu em São Paulo uma chance de reescrever a própria história. Negra e bisneta de escravos, ela viveu em um Brasil marcado por transições, a principal delas alimentada pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek: a industrialização do país, movimento que impulsionou o êxodo rural e gerou cicatrizes como a formação das favelas nas grandes metrópoles brasileiras.
Em 1947, após instalar-se com os filhos às margens do Rio Tietê, na favela do Canindé, a primeira de São Paulo, Carolina teve em um de seus primeiros trabalhos o impulso para descobrir o universo dos livros. Apesar da paixão pela literatura, a realidade de um Brasil com forte desigualdade social tentava limitar Carolina, que trabalhou como catadora de papel e utilizava o verso das resmas como pano de fundo para escrever.
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[SAIBAMAIS]O talento literário da autora foi descoberto pelo jornalista Audálio Dantas, que a descobriu durante a cobertura de um evento na favela e publicou uma reportagem sobre ela em maio de 1958, no extinto jornal Folha da Noite. Dois anos mais tarde, a autora experimentou o sucesso ao lançar Quarto de despejo, diário que eterniza o relato da sofrida rotina de uma mulher pobre e traduzido em 15 idiomas.
Para homenagear o centenário da escritora comemorado neste ano a editora Me Parió Revolução, em parceria com a Fundação Palmares, lançou o livro Onde estaes felicidade?, que reúne obras inéditas da escritora negra como o conto Favela, no qual ela relata o medo de ser despejada.
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