Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Regina Casé fala sobre preconceito; mas não comenta acusações da mãe de DG

A mãe do dançarino acusou a apresentadora durante evento em Brasília



[SAIBAMAIS]Regina e o marido, Estevão Ciavatta, ainda percebem o Brasil ; do qual sempre buscou as raízes ; como país com questões sociais pendentes. Ainda hoje, o fantasma do preconceito racial ronda o cotidiano. ;Meu genro é negro e eu tenho um filho negro. Digamos que não houvesse o preconceito, só de você ter um pouquinho mais de condições e de colocar seu filho na escola particular, ele vai passar 15 anos da vida num meio que só tem brancos. Mesmo que todos o tratem da melhor maneira possível ; o fato de ser o único já gera uma enorme carga. Aí, se encontra um atestado de desigualdade gigantesco. Só vai ter amigos com a mesma cor de pele que a sua, se estudar numa escola pública;, observa.

Para a também apresentadora, atenta a manifestações culturais da periferia, cabe a objetividade de dar nomenclatura: ;No Rio, há favelas, que, em São Paulo, seriam tratadas como periferia;. Com a massa, aliás, é que Regina Casé se refestela. ;Quando eu era mais nova, acreditava que isso vinha de mim. Mas sabe a que eu atribuo? À educação que eu tive. Meus pais sempre tiveram amigos de diferentes classes sociais. Viam muita naturalidade eu passar o fim de semana na favela da Catacumba. Isso por eu adorar a empregada Marinete, o marido dela e os filhos. Meus pais sempre tiveram amigos, igualmente brancos e negros. Eu achava tão normal e sempre pensava que, para todos, fosse algo comum;, conta.

Se a diferença foi sentida quando cresceu, a atriz, hoje aos 60 anos, tratou de aplainá-la, pelo enorme poder de comunicação. ;Hoje em dia, até esteticamente, a expressão cultural do que costumávamos chamar de periferia está no centro das atenções. Profeticamente, a gente fez, no passado, um programa chamado Central da periferia;, comenta a atriz. ;Noutros programas parecidos que fiz para a tevê, por exemplo, estão trabalhos para os quais dou a mesma importância de quando atuava no grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone. Por isso, muitas vezes, abri mão de fazer uma peça, um filme ou uma novela;, explica.

Panela de pressão

Na última quinta-feira, Brasília foi palco para um inflamado debate envolvendo a apresentadora Regina Casé. Durante a Semana de Reflexões sobre Negritude, Gênero e Raça (SerNegra), promovido pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, a mãe do dançarino Douglas Silva Pereira (conhecido por DG), morto em abril, criticou a artista ao falar da morte do ex-dançarino do programa Esquenta.

A técnica de enfermagem Maria de Fátima da Silva, convidada do debate, criticou a forma como a mídia ;usou; a imagem do filho. Assumindo o desejo por ;uma solução imediata para esclarecer a morte;, Maria detalhou pormenores sobre a participação dela no programa, em abril. Ela chamou Casé de ;uma farsa, uma artista, uma mentirosa;, desconstruindo a intenção de a apresentadora ajudar as classes menos favorecidas.

[VIDEO1]

Alterada, chamou Regina de ;cretina;, depois de alegar censura da produção no episódio veiculado poucos dias depois da morte do rapaz. Disse, ainda, ter encontrado anotações sobre a condução do programa e que, em termos escritos, Regina teria renegado a ;vontade de fazer programa para pobre ou periferia;. O Correio, a pedido do marido da apresentadora, buscou a assessoria da artista que, até o fim da edição, não deu resposta. A Rede Globo, por meio de comunicado, desabonou as críticas.

A matéria completa está disponível , para assinantes. Para assinar, clique .