[SAIBAMAIS]Afinada com o gosto dos leitores, a obra aposta no viés distópico para introduzir temas cotidianos. A narrativa se passa em um futuro pós-Terceira Guerra Mundial, quando o cenário é de colapso dos recursos naturais. Nesse contexto, governantes decidem proibir livros e escolas como um meio de frear a disseminação do progresso e do mau uso da tecnologia, os supostos vilões. O protagonista é um príncipe questionador e defensor do conhecimento. "É um contraponto a Harry Potter, que usou uma varinha mágica para enfrentar seus problemas. Petrus usa a inteligência para superar as graves perdas, crises, rejeições, calúnias, condenações injustas", resume Augusto Cury.
Por trás do enredo de fantasia, o autor busca ensinar os jovens leitores a serem "autores da própria história". Ele identifica o sucesso como algo a ser buscado a partir dos fracassos, formula respostas para os questionamentos de uma geração dominada pela tristeza, como ele próprio diagnostica.
Sem medo de soar alarmista, o autor (que também é psiquiatra) identifica o jovem contemporâneo como um mero repetidor de informações, incapaz de pensar por conta própria. "São consumidores vorazes, mas não sabem ser resilientes e trabalhar suas perdas. São conformistas, não entendem como é possível aprender com seus mestres", define Cury.
Tenho entre 40 a 50 milhões de leitores no Brasil, a grande maioria de adultos. Chegou a vez de falar direta e abertamente para o jovem. O livro é um contraponto a Harry Potter, que usou uma varinha mágica para enfrentar seus problemas. Petrus Logus usa a sua inteligência para superar as graves perdas, crises, rejeições, calúnias, condenações injustas. O protagonista passa por mais conflitos do que o bruxinho, e terá que aprender a escrever os capítulos mais importantes da sua história, nos momentos mais difíceis da sua vida. O livro provavelmente vai ser filmado em Hollywood. Há jovens lendo em seis horas seguidas, sem parar. Isso indica que estão viajando não apenas para dentro do futuro da humanidade, para enxergar os problemas que nossa espécie vai vivenciar nas próximas décadas, mas viajam pela mente humana.
Quais as características do público infantojuvenil?
A juventude mundial está vivendo no território da emoção. Nunca tivemos uma geração que teve acesso a uma indústria do lazer tão poderosa, mas também nunca tivemos uma geração tão triste, haja vista que 30% dos jovens em fase de vestibular no Brasil estão apresentando sintomas depressivos. Cerca de 80% das crianças e adolescentes estão apresentando sintomas da Síndrome do Pensamento Acelerado, que gera uma ansiedade intensa, com sintomas como dores de cabeça, musculares, irritabilidade, desejo intenso de que tudo seja rápido e pronto, sofrimento por antecipação, dificuldade de lidar com pessoas lentas... Cerca de 80 a 90% dos jovens apresentam pelo menos três desses sintomas. A juventude do século 21 está com uma mente agitada, com déficit de interiorização, da capacidade de proteger as emoções e gerenciar seus pensamentos.
Que tipo de ensinamentos o senhor busca transmitir?
Jovens no mundo todo estão se tornando repetidores de informações e não pensadores. São consumidores vorazes, mas não sabem ser resilientes e trabalhar suas perdas. São conformistas, não entendem como é possível aprender com seus mestres. O livro aponta que ninguém é digno do sucesso se não utilizar seus fracassos para alcançá-lo. O sucesso não é magico, nem privilégio de uma casta, mas de quem aprende a ser autor da própria história.