Irlam Rocha Lima
postado em 24/11/2014 09:04
Há um momento em Olho nu, documentário dirigido por Joel Pizzini, em que Ney Matogrosso conta: ;Numa mesma semana, na década de 1980, fui três vezes ao cemitério para sepultamento de amigos, vitimados pelo HIV;. Ao lembrar aquele período, o cantor, que se considera um ;sobrevivente;, chama a atenção para o que ocorre atualmente. Ele se refere ao fato de as pessoas, ;principalmente os mais jovens;, estarem se descuidando do uso de preservativo na hora do sexo.
Segundo Ney, há um índice crescente e alarmante de infectados pela aids na faixa dos 14 aos 25 anos. ;Vejo isso como algo que vai além da desinformação, pois beira a irresponsabilidade. São jovens que transam sem usar camisinha, sem pensar nas consequências do ato. Eles acreditam que não vão se infectar, ou que, caso isso aconteça, já existe antídoto capaz de preservá-los com alguma qualidade de vida;, afirma.
Olho nu, que acaba de ser lançado na versão DVD pelo Canal Brasil, com legendas em inglês, francês e espanhol, conta a história de Ney de Souza Pereira, matogrossense de Bela Vista, nascido há 73 anos, que transformou-se num artista multifacetado e personagem icônico da música popular brasileira. O filme traz narrativa não linear e retrata a carreira do cantor, iniciada há quatro décadas ; em plena ditadura militar ; marcada por irreverência, transgressão e força estética. Isso, desde o começo, como vocalista do grupo Secos & Molhados.
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A trajetória artística e a vida de Ney são contadas por meio de imagens raras selecionadas em mais de 300 horas de gravação. O foco principal é a performance do cantor no palco, mas há cenas externas geradas na região de origem do cantor. O filme abre espaço para mostrar a Brasília setentista, onde Ney descobriu seu talento para as artes. Aliás, foi aqui, em 2012, a estreia de Olho nu, no Festival de Cinema, quando conquistou o prêmio de melhor pesquisa.
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