Nahima Maciel
postado em 13/11/2014 08:03
Elas exploram paisagens que podem ser compostas de terras, objetos pessoais ou arquitetura. Querem entender a relação entre memória e fotografia, descobrir os limites da pintura e compreender melhor como nos relacionamos com os objetos do cotidiano. Nada é muito explícito. É preciso alguma subjetividade e poesia para mergulhar nas propostas. Uma paisagem pode ter vários significados, assim como a pintura não depende do pincel nem da memória da fotografia. Seja nas nuances dos vincos de um papel amassado, na linha distante que encontra o céu nas planícies do Marrocos, num detalhe da natureza transportado para uma instalação, seja na fotografia de uma palmeira real amarrotada, delicadeza é a palavra adequada para traçar uma linha entre os trabalhos de Isadora Dalle, Cecília Bona, Yana Tamayo, Júlia Milward e Samantha Canovas, artistas cujos nomes têm aparecido com frequência nas coletivas de arte brasiliense, em salões e prêmios nacionais.
[SAIBAMAIS]De 2013 para cá, Isadora e Samantha participaram de três exposições coletivas, Júlia fez cinco exposições, uma delas no Salão de outono da América Latina, Yana foi indicada ao prêmio Pipa e Cecília ocupou a marquise da Funarte depois de ganhar o prêmio da instituição. Não se pode dizer que elas tenham exatamente as mesmas inquietações, mas há um olhar que perpassa todos os trabalhos e leva o espectador a imaginar os mais poéticos significados para suportes como pintura, fotografia e objetos diversos. O Diversão & Arte conversou com as artistas cujos nomes começam a despontar no cenário brasiliense como uma geração mergulhada no estudo das poéticas contemporâneas.
Cecília Bona
Formada em desenho industrial, Cecilia Bona, 35, se desencantou com o processo de produção da indústria e resolveu trocar a profissão pelas artes plásticas. Montou um ateliê e foi fazer objetos que satisfizessem sua sede poética. Primeiro, se encantou com a luz. Depois, passou a observar o lugar dos objetos industrializados ; com os quais outrora trabalhara ; na vida cotidiana das pessoas.
Samantha Canovas
Recém-formada, Samantha Canovas esteve este ano em quatro exposições ; Casa da Cultura da América LAtina, Espaço Piloto, Salão de Jataí e Espaço Marcantônio Vilaça, como uma das representantes da pintura brasiliense na mostra Vinte. Também já tem no currículo uma residência na School of Visual Arts, em Nova York. Entre as suas preocupações está pensar na pintura de um modo pouco convencional.
Isadora Dalle
Os espaços vazios são também sinônimos de um silêncio que Isadora Dalle preza bastante. ;Passei da tela para o papel e comecei a pensar o espaço vazio, comecei a me interessar mais pelo branco e pelos estudos de proporção;, conta Isadora, aluna do Instituto de Artes Visuais da Universidade de Brasília (IDA/UnB). Com duas exposições marcadas para 2015 e outras quatro realizadas este ano, Isadora anda cada vez mais mergulhada na ideia de uma paisagem cujos elementos não possam ser identificados de tão distantes.
Júlia Milward
O que se vê e a memória do que se viu nem sempre coincidem. A distância ente os dois motiva as criações de Júlia Milward. Com diplomas em duas importantes escolas francesas ; a Universidade de Paris 8 e a Escola Nacional Superior de Fotografia de Arles ; e mestrado na Universidade de Brasília (UnB), a artista tem a fotografia como suporte principal de suas investigações.
Yana Tamayo
Yana Tamayo sempre teve um caminho meio híbrido como artista. Transitou entre a produção artística e a pesquisa acadêmica, mas nunca deixou de lado o interesse pela arquitetura que marca boa parte de seus trabalhos. ;Sinto a necessidade de visitar isso por várias fontes;, avisa. O tema aparece de forma diferente ao longo do tempo, mas está sempre lá, seja nas fotografias das peças de plástico com a paisagem modernista de Brasília ao fundo, seja nas composições de azulejos coloridos.
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