Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Painel Retrato Brasília discute a recuperação de lugares públicos

André Deak, Facundo Guerra e Marcio Brito apresentam projetos de mapeamento de espaços culturais

Para o produtor multimídia André Deak, as cidades não são feitas de concreto e de asfalto, mas de história. É esse o mote do painel que ele apresenta hoje no Retrato Brasília, como parte do painel Jiu-jítsu cultural, no CCBB. ;São essas conexões que valorizam uma rua ou um bairro;, diz Deak, que terá, no painel a companhia de Facundo Guerra e Marcio Brito.

A maneira como os habitantes se conectam diz muito sobre a cidade onde eles vivem. As ruas falam e respiram. Chegam a dançar à medida em que os transeuntes aparecem e desaparecem. Tudo o que as compõe é orgânico, até mesmo as pedras são vivas couraças de proteção.

Na ocasião, André falará sobre a experiência com projetos de mapeamentos culturais colaborativos, como as iniciativas Arte fora do museu, Mapas afetivos, Architech, SP Cultura, e diversas outros. Ele desenvolveu, ainda, plataformas para transmissão on-line de eventos ao vivo. ;Vou falar sobre as cartografias colaborativas e sobre a importância dos mapas afetivos, que contam as histórias das pessoas. É importante reapropriar os espaços públicos, recuperar as cidades para as pessoas;, reflete.

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As pessoas se movimentam e oxigenam alamedas e avenidas ; seres em trânsito, organismos em gestação constante. Escritores afinados com os cruzamentos de sensações das ruas puderam descrevê-las, cada uma a seu modo, em adjetivos expressivos, como fez João do Rio em A alma encantadora das ruas: ;Honestas, ambíguas, sinistras, nobres, delicadas, trágicas, depravadas, puras, infames, ruas sem história, ruas tão velhas que bastam para contar a evolução de uma cidade inteira.; André argumenta que, para que as cidades estejam vivas, ;é preciso ter lugares públicos.;
Em São Paulo, poucos lugares são vistos como públicos, segundo o produtor. ;Mas tem havido um movimento para recuperar esses espaços. Eu acho que nesses ambientes coletivos é onde as pessoas podem se conectar. Podemos organizar as histórias das pessoas e colocar essas histórias nas ruas. A gente conta essas histórias dentro dos elevadores. As conexões se dão em diversos níveis.;

[SAIBAMAIS]Em comparação à capital paulista, André diz que a relação dos brasilienses com a cidade reflete uma conexão maior. ;Quando morei em Brasília, via muitas comunidades de pessoas, que iam umas para as casas das outras no início da Lei Seca. Em São Paulo é diferente. As conexões entre as pessoas se dão muito em relação ao trabalho. E a gente procura mostrar outros acessos;, descreve, reconhecendo que, hoje, há um movimento de identificação entre os paulistanos e a cidade. ;A ciclovia é uma apropriação do espaço público para as pessoas, não para os carros. Projetos culturais também colaboram, e muito, para isso. São Paulo está inspirando outras cidades do mundo. Há uma tendência de reapropriação dos espaços.;

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