Sobrinha de Salvador Allende, ex-presidente chileno que sofreu as consequências do golpe militar, Isabel transmite com delicadeza as cicatrizes provocadas pela ditadura em grande parte de suas obras, inclusive no livro em homenagem à filha. A escritora de outros sucessos como A casa dos espíritos e A cidade das feras fala em entrevista ao Correio sobre a a dor do luto, feminismo e política, além do desafio de escrever seu primeiro romance policial, O jogo de Ripper (Bertand Brasil, 490 págs, R$ 50).
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O luto
"O tempo ajuda a transformar a dor. Não me sinto paralisada pela tristeza, como no início. Levo a memória de Paula sempre comigo, seu espírito me acompanha. Essa tragédia me fez mais forte e me obrigou a me desprender do supérfluo. Aprendi que a única coisa importante é o amor. É aquilo que fica quando o restante se perde. Escrever me permitiu ordenar as lembranças desse ano terrível em que minha filha ficou agonizando.
Naquele ano, no hospital de Madri, e depois em minha casa, na Califórnia, foi só sofrimento, angústia e falsas esperanças. Os dias transcorriam todos iguais. Escrevi o livro me baseando nas anotações que fiz no hospital quando achava que minha filha se recuperaria e nas 180 cartas endereçadas à minha mãe depois que soube que Paula tinha um dano cerebral severo. Ao escrever os acontecimentos do dia a dia, compreendi melhor o que tinha acontecido e aceitei. Creio que o livro foi escrito com lágrimas."
[SAIBAMAIS]Obras marcantes
"De todos os meus livros, o que teve a melhor resposta do público foi Paula. Os leitores ; especialmente as mulheres ; se sentem tocados por essa história e me escrevem. Tenho milhares de cartas e mensagens, que continuam chegando 20 anos depois da publicação do livro."
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