postado em 05/11/2014 08:01
A onda de conservadorismo político e social no Brasil em 2014 deve encontrar um contraponto vindo da arte por meio da retrospectiva Pasolini ou quando o Cinema se faz Poesia e Política de seu Tempo, em cartaz no CCBB a partir de hoje até 24 de novembro. Com a pretensão de apresentar as ideias avançadas do diretor italiano Pier Paolo Pasolini (1922 ; 1975), a mostra abrange todos os filmes da carreira do cineasta enquanto pontua a obra de escritor. O panorama de filmes dedicados ao artista apresenta ainda uma série de documentários sobre a vida do cineasta.
Duas condições da sociedade italiana forjaram parte do pensamento artístico do diretor: o fervor católico e o jugo do fascismo como forma de governo fizeram parte da formação de Pasolini desde a infância quando começou a escrever poesias dedicadas a Arthur Rimbaud. E em continuidade na vida adulta, quando o poeta passou a se dedicar à prosa em textos filosóficos ou ensaísticos.
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[SAIBAMAIS]O curador da mostra, Flávio Kactuz, fez de Pasolini o seu objeto de pesquisa há cinco anos. Segundo ele, uma parte da importância da mostra no Brasil está na recuperação da palavra escrita nos textos de Pasolini. ;A obra intelectual e crítica de Pasolini nunca foi muito valorizada no Brasil. Fizemos questão de apresentar um catálogo com críticas, poesias e ensaios. As ideias dele eram muito avançadas, com uma boa análise sobre populações periféricas exposta em livros, estudos e filmes. Nada disso chegou ao Brasil com facilidade;, explica Kactuz.
O pesquisador constatou uma visão muito peculiar da obra do italiano no Brasil com a existência de muitas lacunas a serem preenchidas. ;Muitos dos filmes do Pasolini foram proibidos durante o regime militar. Quando foram liberados, chegaram ao país com uma onda muito forte do cinema pornográfico, com a pornochanchada brasileira e a coincidência do lançamento de O diabo na carne de Miss Jones (1986, de Gregory Dark) e Garganta profunda (1972, de Gerard Damiano). As obras eróticas dele passaram a ser identificados como sendo a mesma coisa. Aqui, hoje existe essa impressão no Brasil;, comenta Kactuz.
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