Diversão e Arte

Parcerias ganham cada vez mais espaço na produção fonográfica nacional

postado em 27/10/2014 06:05

A amizade é tema recorrente na música popular brasileira. Mais do que isso, os laços afetivos também deram origem aos mais importantes movimentos culturais do país, como a Bossa Nova, a Tropicália, o Clube da Esquina e o Manguebeat. Fazer música com amigos é muito mais divertido. Dessa forma, um cantor conhece um compositor, é apresentado a um produtor e logo dá uma canja em um show de uma banda que nem sabia que existia. A redes vão se criando e, quando se vê, todos estão colaborando um no trabalho do outro. As relações musicais se estreitaram na era virtual, em que é mais fácil ter acesso aos projetos alheios.
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Em Brasília, desde os anos 1980, em que havia enorme intercâmbio entre os roqueiros, até a década seguinte, na qual os instrumentistas e parceiros Hamilton de Holanda, Rogério Caetano e Daniel Santiago formaram trio que influenciou toda uma geração, os trabalhos coletivos e as colaborações têm sido constantes. Atualmente, por exemplo, a banda Rios Voadores tem emprestado a sua vocalista Gaivota Naves para vários shows da banda instrumental Passo Largo; e o baterista Márlon Tugdual se divide entre as bandas Sexy Fi e Cassino Supernova, cujo baixista Pedro Souto integra outros dois grupos: Alf e Judas. O Correio percorreu alguns dos estados do país em busca das turmas musicais que se destacaram nos últimos anos. Confira!

Dos tempos da escola
A amizade de Moreno Veloso, Domenico Lancellotti e Pedro Sá, vem dos tempos de colégio, nos 1980, resultou em pelo menos quatro projetos musicais que ajudaram a aquecer o já incandescente Rio de Janeiro nas duas décadas seguintes: O grupo Mulheres Q Dizem Sim, o trio %2b2, a Banda Cê e a big band Orquestra Imperial.



Menos conversa, mais sintonia
A casa de shows Ó do Borogodó, em São Paulo, foi a responsável por unir uma turma de amigos que hoje tem protagonizado uma das cenas mais produtivas e criativas da capital paulista. Foi lá que os caminhos de Kiko Dinucci, Juçara Marçal, Thiago França, Rodrigo Campos, Romulo Fróes e Marcelo Cabral originaram uma gama de projetos musicais.



A grande família paraense
O Pará, que deu ao Brasil Fafá de Belém, Calypso e Gaby Amarantos, se mostrou uma terra bastante produtiva nos últimos tempos ; pelo menos em termos musicais. Oriundos de correntes diferentes, como carimbó, guitarrada, eletromelody e tecnobrega, artistas de diversas idades se juntaram para apresentar ao país o que o estado tem de melhor: a cultura.



O cantor e compositor Felipe Cordeiro, filho do instrumentista e produtor Manoel Cordeiro, um dos pioneiros da lambada, é um elo importante entre as gerações que brotam vertiginosamente em terras paraenses. Da veterana Dona Onete, que teve show dirigido por ele, a estreantes como Camila Honda, cujo disco Felipe acaba de produzir, a cena do Pará se assemelha à de uma grande família, em que os artistas se frequentam, colaboram um com os outros e confirmam a sonoridade do estado do Norte como uma das mais originais da atualidade.

A efervescência potiguar
Nos últimos anos, o Rio Grande do Norte tem despontado como um celeiro de grandes bandas autorais. Seja a instrumental Camarones Orquestra Guitarrística, que surgiu em 2008 e inspirou diversas bandas locais ao circular por praticamente todos os grandes festivais independentes do país; a pop Talma, que uniu os talentos de Simona Talma e Luiz Gadelha, amigos há 17 anos; ou a nova queridinha da mídia Far from Alaska (foto), banda irmã da Talma que segue uma vertente mais pesada do rock: o que impera nessa cena potiguar é a qualidade.





Compositores unidos
Os gaúchos do Apanhador Só (foto) estão na ativa há vários anos, mas nunca pertenceram a uma cena propriamente dita. ;Havia uma turma roqueira em Porto Alegre, como o pessoal da Cachorro Grande, mas na qual a gente nunca se encaixou;, diz Felipe Zancanaro, guitarrista da banda . Nos últimos tempos, contudo, os laços se estreitaram, e nomes como Ian Ramil, Dingo Bells, Wannabe Jalva e Gisele de Santi passaram a ter uma interação mais intensa com o grupo de indie rock.



Pós-Manguebeat

Há oito anos, surgia em Recife a Noite do Desbunde Elétrico, festival de música independente criado por uma nova turma de músicos que estava se formando na cidade e que não tinha nada a ver com o Manguebeat ou com a galera do indie rock. Do ano passado para cá, essa cena se fortaleceu, ganhou um nome e visibilidade na mídia. A Cena Beto, como é chamada, abrange sons que têm em comum a influência udigrudi dos anos 1970 ; como Lula Côrtes e Ave Sangria ; e a atitude de fazer as coisas por conta própria.



;Não chamavam a gente para tocar, então nos reuníamos no bar e a partir daí vinham as ideias: organizamos shows, coletâneas, fanzines;, explica JuveNil Silva (foto), um dos expoentes da nova cena. Aninha Martins, D;Mingus e Graxa são outros nomes dessa lista que não para de crescer.

Goiânia e o rock
Em 2012, depois que terminaram o ensino médio, os amigos Benke Ferraz e Fernando ;Dinho; Almeida começaram a se reunir em casa para gravar músicas de forma despretensiosa. Foi assim que surgiu o Boogarins (foto), expoente de uma turma de bandas que dividem integrantes entre si e que têm atraído olhares para o novo momento em que se encontra o rock goiano.



;É um grupo de cerca de 10 pessoas que não tem um estilo musical parecido, mas uma grande identificação de linguagem, do que cada um procura passar e alcançar com o seu som, uma postura menos imediatista em relação à música, pensando menos no resultado e mais em nós mesmos;, reflete Benke.

Brodagem musical

A amizade vem pautando as relações musicais em Minas Gerais desde os tempos em que Milton Nascimento, Lô Borges e companhia protagonizaram o Clube da Esquina, no início dos anos 1970. Foi em clima de confraria, também, que Flávio Henrique, Pedro Morais, Kadu Vianna e Mariana Nunes, todos com sólida trajetória no cenário cultural de Beagá, se juntaram para ver no que ia dar. Do encontro fraterno, surgiu o quarteto Cobra Coral (foto), criado há três anos em um misto de grupo vocal, influência mineira e um pé no pop.



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