O escritor, historiador e diplomata pernambucano Evaldo Cabral de Mello Neto foi eleito, na tarde desta quinta-feira (23/10) para ocupar a cadeira 34 da Academia Brasileira de Letras. O lugar pertencia a Jão Ubaldo Ribeiro, que morreu em julho deste ano. Evaldo foi escolhido com 36 votos de 37 possíveis.
Evaldo era o único candidato à vaga.Convencido pelos imortais Eduardo Portella, Alberto da Costa e Silva e Alberto Venancio Filho a se candidatar, ele é um dos maiores historiadores brasileiros em atividade. Irmão de outro acadêmico ilustre, João Cabral de Melo Neto (1920-1999), ele é especializado na ocupação holandesa em Pernambuco (1630-1654), bem como na história da região. Não à toa, ele costuma julgar Maurício de Nassau uma das figuras ;mais simpáticas; da História do país.
[SAIBAMAIS] Entre os livros publicados, destacam-se obras como A outra Independência ; O federalismo pernambucano de 1817 a 1824 e O negócio do Brasil. Neste, Cabral de Mello prova com documentos que os portugueses precisaram pagar aos holandeses 63 toneladas de ouro para que eles abandonassem Pernambuco. O historiador revê a tese de que união de portugueses, índios e negros culminou com a expulsão dos estrangeiros.
Evaldo Cabral também é conhecido por criticar o ;Rio-centrismo;, a historiografia feita sob o ponto de vista apenas do Sudeste, ignorando outros locais do Brasil. Dono de uma prosa elogiada, Cabral de Mello costuma voltar a fontes primárias, os documentos históricos, para fundamentar suas obras.
A candidatura viveu um impasse no começo, quando o jornalista Zuenir Ventura também quis se candidatar para a vaga de Ubaldo Riberio. Com a morte de Ariano Suassuna, logo em seguida, porém, os articuladores das duas candidaturas costuraram acordo no qual o jornalista passou a concorrer à vaga do autor pernambucano. Zuenir é o favorito para a eleição que acontece na próxima quinta-feira, dia 30. Será a terceira eleição em menos de um mês. No dia 9, Ferreira Gullar já havia sido eleito para a vaga de Ivan Junqueira.