Segundo um policial, o título era permitido porque ;falava do capitalismo;. A fala virou piada familiar e o episódio ficou gravado na lembrança, por isso Orthof decidiu inserir oito livros na instalação. Ele utilizou ainda 100 caixas de palitos de fósforo, material simbólico, já que é inflamável, para construir o trabalho. Para a obra, Orthof trouxe referências ao filme Farenheit 451, de François Truffaut. A adaptação de livro homônimo, escrito por Ray Bradbury em 1953, fala de uma sociedade na qual os livros são queimados para evitar a disseminação do conhecimento e a consequente redução do poder de controle sobre a população. ;O trabalho está contaminado por muitas histórias;, explica o artista, que também encontrou motivação na polarização das eleições no Brasil. ;É uma história de vizinhanças impossíveis, brigas eternas e insolúveis que a gente está, inclusive, vivendo na política do país neste momento e que vive há mil anos em Gaza. Isso é a história da humanidade.;
Orthof observa que, quanto mais um povo se avizinha, mais briga. Nessa luta, a memória é de uma delicadeza preocupante, e os livros e palitos de fósforo, tão frágeis e arcaicos, representam o quão fácil pode ser destruí-la. ;Eu queria trazer para o trabalho esse sentimento de segurança da memória, a única coisa que nos une, e o quanto ela é frágil e pode ser destruída por qualquer descuido. Para mim, a única salvação são os livros, e por isso eles são perseguidos.;
HA-gaz-AH
Exposição de Gê Orthof. Abertura sábado, às 17h, na Referência Galeria de Arte (SCLN 205, Bloco A, Loja 9). Visitação até 22 de novembro, de segunda a sábado, das 12h às 19h.
[SAIBAMAIS]