[SAIBAMAIS]O musical, com três horas de duração, narra, de forma quase didática, a trajetória artística e pessoal de Elis Regina - dos 17 anos, quando participou de show de calouros Clube do Guri, em Porto Alegre, até os preparativos para o Trem azul, que seria seu último show. No transcorrer da encenação, são mostradas as diversas fases da carreira da maior cantora da MPB, com destaque para a presença no palcos de bares do Beco das Garrafas, em Copacabana (Rio de Janeiro), à época da bossa nova; o encontro com Ronaldo Bôscoli (Tuca Andrade), o primeiro marido; o mestre de cerimônia Luiz Carlos Miéle e o coreógrafo Lennie Dale (Alessandro Brandão).
Em seguida são destacados fatos como a vitório no Festival da TV Exelsior, em 1965, com Arrastão (Edu Lobo e Vinicius de Moraes); o período em que dividiu com Jair Rodrigues (Icaro Silva), a apresentação do programa O Fino da Bossa, na TV Record; a gravação de Madalena, o seu primeiro sucesso radiofônico.
Aparecem também a Elis que brilhou em palcos franceses, cantando em Paris e no Festival de Miden; a participação imposta nas Olimpíadas do Exército, em plena ditadura militar; que a levou a ser criticada por Henfil (então cartunista do semanário Pasquim), que fez as pazes com ela, ao, emocionado, ouví-la interpretar O bêbado e a equilibrista (João Bosco e Aldir Blanc), canção transformada em hino da Anistia.
Na parte final, casada com César Camargo Mariano, Elis, no auge da popularidade, grava disco com Tom Jobim (Guilherme Logullo) e exibe seu lado politizado no espetáculo teatral Transversal do tempo. Embora tenha características de uma peça, o que leva as pesoas a se emocionarem são as canções (49 ao todo) que atuam como fio condutor da história.
Os aplausos mais calorosos recebidos por Laila foram ouvidos quando ela interpretou Casa no campo (Zé Rodrix e Tavito), Como nossos pais (Belchior), Atrás da porta (Francis Hime e Chico Buarque) e as citadas Madalena e O bêbado e a equlibrista.
Crítica, por Elô Bittencourt (Especial para o Correio):
A performance irreverente da atriz Laura Garin está incrivelmente Elis. No início do musical, percebe-se que há uma certa desconexão da atriz com a personagem, tendo em vista que a própria Elis, recém-chegada de Porto Alegre ao Rio de Janeiro, ainda não sabia quem realmente era ou queria ser. No entanto, por meio do relacionamento com o primeiro marido e dos conflitos internos, ela começa a se transformar no ícone da MPB, doce e amarga, inquieta e inconstante. No segundo período do musical, aparecem a melancolica criadora dos maiores sucessos da carreira.