Paris - Ele criou o corselete com sutiã cônico usado por Madonna, vestiu homens com saias e seus desfiles são um show à parte. O estilista francês Jean Paul Gaultier apresentou, no sábado (27/9), sua última coleção feminina de prêt-à-porter, após quase quatro décadas de pura ousadia. Sob uma chuva de confete e os aplausos dos convidados, o estilista se despediu, ao final do desfile organizado como uma paródia de concurso de beleza "Miss Jean Paul Gaultier", "vencido" pela top model canadense Coco Rocha.
Realizado na majestosa sala do cinema Gran Rex de Paris, a maior da Europa, o desfile foi como um grande show do teatro de revista, no qual o estilista usou toda a sua criatividade na passarela. Suas influências foram variadas e resultaram em desconstruções do terno masculino de listras, introdução do estilo de rua e esportivo inspirado nos ciclistas da Volta da França ou los lutadores de "lucha libre" mexicanos, passando por uma homenagem à cultura francesa e sua riqueza criativa.
Segundo Nathalie Bondil, diretora do Museu de Belas Artes de Montreal, que o convenceu a fazer uma exposição sobre sua obra, já vista por um milhão de pessoas em todo o mundo, "Jean Paul Gaultier tem a mente muito aberta, é muito tolerante e dotado de um tipo de empatia com as pessoas. Ele diz a cada um: seja você mesmo e se divirta com a moda".
Seus desfiles são espetáculos com clima de ;happening;, nos quais sempre ocorre algo inesperado, com um toque de provocação, e o último desfile fez jus à tradição.
Assim como aconteceu com Saint Laurent, outro iconoclasta, Jean Paul Gaultier acabou sendo um clássico, após oito anos de criação para a casa Herm;s e seu ingresso no exclusivo clube da alta costura, a aristocracia da moda, inacessível para a maioria. A retrospectiva itinerante sobre sua carreira criativa dá volta ao mundo e terminará com uma mostra no Grand Palais de Paris em 2015.