Diversão e Arte

Fado se renova sem perder as características originais

Além do estilo, jovens artistas apostam em ritmos como o indie rock, música eletrônica e o rap para conquistar o público

postado em 15/09/2014 07:37

O cantor António Zambujo é uma das vozes que injetaram sangue contemporâneo ao gênero
Quando se pensa em música de Portugal, quase que de imediato surge a palavra fado. Com guitarra, guitarra portuguesa, vibratos e tons de voz mais graves. Mesmo após séculos de existência, o tradicional canto português mostra a força que possui e se renova de geração em geração. Ainda que fujam da roupagem tradicional, incorporando novas influências, instrumentos ou temáticas ; como na obra de António Zambujo ;, artistas, como é o caso do jovem Carminho, ou as mais experientes Ana Moura e Mariza, mantêm vivo o espírito da tradição.



;O fado soube se renovar, embora mantendo as suas principais características, integrou novas abordagens mais arejadas e contemporâneas;, explica o professor doutor Vítor Reia-Baptista, da Universidade do Algarve, Portugal. Um exemplo disso é o último álbum do cantor António Zambujo. Lançado em 2012, o disco Quinto traz fortes influências do canto fadista ; no qual Zambujo é consagrado com diversas premiações ;, e de ritmos como MPB, samba, jazz, entre outros. O artista também possui colaborações com músicos brasileiros, tais quais a sambista Roberta Sá e o violonista Yamandu Costa.

[VIDEO1]

Se não bastasse admitir que parte da formação musical vem de terras tupiniquins, o sotaque típico da região do Alentejo, onde nasceu na cidade de Beja, o aproxima da sonoridade brasileira, utilizando inclusive o gerúndio, algo incomum em Portugal.

De volta a uma vertente do fado mais clássica, dois nomes saltam aos olhos: Ana Moura e Mariza. Ana traz em seu último disco de estúdio, Desfado, apostas com nomes da nova geração de músicos de Portugal, incluindo aí António Zambujo na faixa Despiu a saudade. Mariza mantém a tradição do estilo e, ao mesmo tempo, inicia um repertório de interpretações em outros idiomas.

Apesar de menos tempo de carreira do que Ana Moura e Mariza, o nome da jovem Carminho desfruta de muito prestígio em Portugal. Antes de ser tornar cantora de fado, percorreu o mundo durante quase um ano para tomar a decisão de lançar o primeiro disco, em 2009. Por exemplo, participa da música Recife, do pernambucano Alceu Valença, além de contar com as vozes de Chico Buarque, Milton Nascimento e Nana Caymmi em seu segundo disco, Alma (2012).

A dupla da Banda Salto

Para além do fado
Quem pensa que a música portuguesa gira em torno apenas de fado está, de "facto", equivocado. Grupos que tocam indie rock, hip-hop ou batidas eletrônicas mostram que o atual momento musical português é bastante diversificado. Novas gerações de artistas jovens, muitos nascidos ainda na década de 1980, realizam boas performances quando sobem aos palcos e conquistam cada vez mais público que lotam os festivais locais tomando, em alguns casos, projeções internacionais.

A banda Salto, que canta composições em português e em inglês, é formada por dois jovens portugueses com estilo que lembra o estilo indie rock pop, em voga nos últimos anos. O grupo virou presença certa em festivais em toda Portugal e acumulou diversas críticas positivas com o álbum debutante que leva o mesmo nome do conjunto. Também vale destacar o grupo de jovens do Capitão Fausto, cujas idades não ultrapassam muito a casa dos 20 anos. Com estilo que remete aos anos 60 e 70 repleto de improvisações e sintetizadores ao longo das performances.

Vale ressaltar o nome de dois grupos portugueses que optaram por cantar, principalmente, em inglês: a banda You Can;t Win, Charlie Brown (YCWCB), que conta com seis integrantes multi-instrumentalistas, e o projeto musical chamado Noiserv, autoria de David Santos. Há também o quarteto eletrônico do Sensible Soccers, que tem como denominador comum entre os integrantes comum a psicodelia e a difícil classificação em um único estilo.

[VIDEO2]

Rap e hip-hop ;Tuga;
Nos últimos anos, o rap e o hip-hop português encontram-se em ascensão. Destaque para Capicua, nome artístico de Ana Matos Fernandes. Socióloga por formação, apresenta letras fortes, como na música Sereia Louca (na qual é possível entender também ;serei a louca;). Vale a pena conferir o disco que leva o mesmo nome da música, lançado em 2014 pela Norte Sul.

Com informações de Mateus Vidigal

A matéria completa para assinantes está . Para assinar, clique .

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação