Criada pelos irmãos Max e Iggor Cavalera em Belo Horizonte, em 1984, a banda Sepultura tornou-se uma das principais referências do heavy metal em todo o mundo. Massimiliano Antônio Cavalera, o Max, deixou o grupo em 1997, após desavenças com os integrantes, e formou outro grupo de sucesso, o Soulfly. Reatado com o irmão desde 2007, o cantor e guitarrista se entregou ao Cavalera Conspiracy, que se apresenta hoje em Brasília, pela primeira vez, no Porão do Rock. Morador dos Estados Unidos há vários anos, Max Cavalera, de 45 anos, falou ao Correio sobre o show, a década que ficou rompido com Iggor, a relação com os atuais membros do Sepultura e a paixão pelas bandas roqueiras de Brasília.
[SAIBAMAIS]O Sepultura surgiu na mesma época em que a cena roqueira de Brasília começava a ganhar fôlego. Apesar dos estilos bem diferentes, vocês chegaram a acompanhar o movimento daqui?
A gente ia para os shows da Plebe Rude em Belo Horizonte todas as vezes que eles tocavam lá. Não conhecemos o Renato Russo pessoalmente, mas sabíamos que ele era um fãzão de Sepultura. Ele deu uma entrevista a uma revista dizendo isso. Foi superlegal. Eu sempre fui meio fascinado com a cena de Brasília, principalmente na época de Paralamas, Legião, Plebe; Eu curto pra c; Esses anos 1980 e o rock do Brasil, tenho todos os discos dessa época e ouço direto. Vi o documentário Rock Brasília (de Vladimir Carvalho), na internet, e achei legal pra caramba. Sou bem ligado a esse lance dos anos 1980. Tenho essa conexão com Brasília e com essas bandas.
Já ouviu falar em uma banda brasiliense chamada Sepultura, que dizia, inclusive, que usava o nome antes de vocês? Eles até lançaram um disco chamado A verdadeira Sepultura.
Ouvi dizer, na época em que a gente estava na turnê com os Ramones. Lembro-me de que teve um lance de um pessoal querendo processar a gente, mas não me lembro direito. Era uma banda crente, de pessoal de igreja? Ouvi dizer, não sei se é verdade.
O Sepultura tocaria neste Porão do Rock, mas acabaram cancelando por causa da agenda. Rolaria um constrangimento caso você se encontrasse nos bastidores com o Andreas Kisser, que lidera a banda atualmente?
Nada. A gente já tocou juntos no Rock in Rio, em Portugal. Eu vi o Andreas e dei um alô pra ele. Teve um festival agora na Colômbia que a gente tocou também, mas acabei não vendo ele, que chegou mais tarde. Mas, se a gente se vir, não tem nada de ruim não. Somos profissionais e adultos, levamos na boa. Sem drama.
E há alguma chance de os integrantes da formação clássica do Sepultura voltarem a tocar juntos, enquanto banda?
Eu não sei, cara. Estou igual aos fãs: esperar e ver o que acontece. Eu já tentei essa reunião uns anos atrás, liguei pro Andreas, mas não deu em nada. A gente tinha uma oferta ótima para ser headliner de um grande festival nos EUA, iam pagar a maior grana, mas eles não quiseram fazer e recusaram. E aí eu meio que deixei a história de lado. Agora vou deixar rolar. Tenho meus projetos, o Cavalera Conspiracy, o Soulfly, o Killer Be Killed, estou bem ocupado. Se rolar, beleza, estou aí para fazer. Se não, tá tudo bem também, que eu tenho bastante coisa para fazer.
Você ficou 10 anos sem falar com seu irmão Iggor, que fundou o Sepultura ao seu lado e agora integra o Cavalera Conspiracy. Como você lidou com essa situação?
Foi chato, 10 anos ruins de silêncio entre nós. Mas acho que foi necessário pra gente se conhecer melhor. Hoje em dia, nossa relação está melhor do que nunca. Por causa desses 10 anos sem conversar. Acho que foi pior pra minha mãe, que ficou no meio dos dois irmãos. Ele estava com o Sepultura; eu, com o Soulfly: cada um de um lado. Mas, depois que ele saiu do Sepultura, me ligou e quis ser meu irmão de novo. E aí montamos o Cavalera Conspiracy, que é do c; Hoje, estamos numa boa. A irmandade da gente tá beleza.
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