Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Cineasta Domingos de Oliveira analisa novo filme autobiográfico

Em "Infância",os acontecimentos narrados na fita relembram o Rio de Janeiro de antigamente



Os acontecimentos narrados na fita relembram o Rio de Janeiro de antigamente, aquele que os cariocas lamentam ter perdido pelo avanço do urbanismo desordenado e o stress da vida contemporânea. O anti-getulismo de Carlos Lacerda ou o jingle das ;Lojas Pernambucanas que vão aquecer o seu lar; são signos usados para remontar um dia na vida dos habitantes de um casarão em Botafogo, no Rio, anterior a explosão imobiliária de toda a Zona Sul da cidade.

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Infância, o filme

Deixou de ser a história de um garoto massacrado pela mãe possessiva e virou a história de todos eles, minha mãe, meu pai, minha avó e meus tios. A linguagem da peça para o filme mudou um pouco. Os diálogos são claros, sem fumaça, sem guardar os mistérios dos falecidos há muito. A cultura, a moral na;f deles todos estão lá. É uma crônica, uma fotografia de família.

Orçamento

Estou velho e não queria parar de fazer cinema. Simpatizo com o baixo orçamento. À essa altura, resolvi fazer longa sem dinheiro e está dando na mesma. Não acho que o orçamento deva ser o limite para um filme. Um filme é o que ele significa.

Filme útil

Deveríamos banir a expressão ;cinema de arte;. É aristocrática, é tola. Deveríamos usar a expressão ;filme útil; designando o filme que nos ajuda a viver. Quando vou ver um filme ou uma peça de teatro espero ganhar armamento para enfrentar a vida. Sem isso, não é arte.

Burguesia

Infância é também sobre a moral absurda da classe média burguesa de onde viemos todos nós. Dona Mocinha (Fernanda Montenegro) é muito engraçada. Inventa regras alienígenas. Regras criadas pela necessidade de se ter regras. ;Mãe não mente jamais;, ela diz. Mas acredita que a mentira é algo obrigatório na educação das crianças.

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