;Voltar, com o reconhecimento do Festival de Gramado, é muito gratificante. O ator gosta e precisa ser reconhecido pelo que faz. Sinto-me incentivado a acreditar que os caminhos percorridos, as escolhas feitas e os riscos assumidos valeram a pena;, diz. Abraçando oito projetos futuros ou a serem lançados (blindados, em termos de detalhes), Rodrigo Santoro fala com naturalidade das iniciativas que pavimentaram carreira única para um artista nacional.
Do prêmio de ator revelação em Cannes (por
Carandiru) ao comercial para a Chanel, ao lado de Nicole Kidman, ou ainda do contato com estrelas do porte de Helen Mirren e Anne Bancroft, nada parece ter-lhe subido à cabeça. Traços do bom moço, tentado a escolher papéis até por marcas pessoais do seu caráter. ;Meu país (com o qual levou outro Candango), por exemplo, foi um filme que trazia algo de herança e de valores familiares, coisas importantes para mim;, diz. Com o pé firmado na terra do Tio Sam, ele nunca perde de vista a relevância do cinema brasileiro, gosta de elogiar fitas nacionais como
O som ao redor e
Um lobo atrás da porta.
No próximo ano, você completará 40 anos. Alguma crise à vista? E, na carreira, como se esquivou do título de galã?Isso foi algo discutido, ainda na época do
Carandiru (2003). As pessoas ficaram muito chocadas com a escolha do personagem travesti que fiz. Falaram: Uau! Você fez isso só para chocar? Para quebrar a imagem de galã? Nunca fiz para quebrar imagem nenhuma, até porque nunca construí essa imagem, conscientemente. Mas ela é consequência e é também algo que está no campo do domínio público. Mas, quando falam ;galã;, nunca olhei para isso de forma pejorativa. Simplesmente, meu foco jamais foi construir uma imagem. Nunca fiz nada também para quebrar imagens. Hoje, nada disso me preocupa ou incomoda muito. Procuro é dar vida a personagens. A imagem é algo muito abstrato, e faz parte de um mundo etéreo. Não estou dizendo que sou o Dalai Lama e tudo deve ser seguido, é preciso entender que minha vida é o que está à minha frente. Sempre vão falar uma coisa ou outra. Tenho uma vida normal, de gente normal.
Como você buscou um agente para desenvolver a carreira para os Estados Unidos?Lá há um mercado muito sólido, e se trabalha com agente. O agente é muito comum, até mesmo para o mercado independente. Tudo aconteceu quando fui divulgar
Abril despedaçado (2001), que teve um lançamento limitado, em Los Angeles. Foi um processo lento eu não estava desejando necesariamente isso. Meu pai me disse do interesse de um pessoal, e resisti bastante, passo a passo, até quando assinei com o agente. Hoje em dia, os projetos chegam por e-mail, via agente.
E o que leva a optar pelo roteiro A ou B?O que faz você ficar amigo de alguém, se apaixonar por alguém? Não tem fórmula. E continuo me surpreendendo, até pelas escolhas, por motivos diferentes. Eu me baseio no meu instinto, na minha sensação. Pesa o personagem, com quem vou trabalhar e o quanto aquilo pode me acrescentar.
A quantas anda Westworld (série da HBO que traz remake de filme setentista com Yul Brynner)? E como administra as viagens?Estamos na fase do piloto (marco zero para a obra). É uma série que tem potencial muito grande. O elenco é muito interessante, tem Anthony Hopkins, Rachel Evan Woodse, Jeffrey Wright. Nem sei tanto ainda. Na trama, há uma espécie de parque de diversões com um conceito de ficção científica. Gosto de falar de coisas que estão maduras. Então, por enquanto, digo que estou bastante estimulado. Já o cinema brasileiro nunca deixou de fazer parte da minha vida. O
Heleno (2011) é o representante mais recente, e no qual fiquei nove meses envolvido. Há muito tempo, busco um equilíbrio maior entre as idas e vindas ao Brasil e ao exterior. Tenho levado uma dinâmica cigana nesses últimos anos. A série tem me trazido essa maior estabilidade. Estou me planejando melhor. Até a televisão brasileira, com novos formatos, traz a perspectiva de que o futuro promete.
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