postado em 11/08/2014 08:09
;A história do jazz é, antes de tudo, uma história de luta e liberdade. Luta de homens que ganharam seu pão como artistas independentes numa sociedade segregada pelo racismo e que, embora tendo que se submeter às leis do mercado, souberam preservar espaços e formas de autonomia;. Para além de uma simples manifestação musical surgida nos Estados Unidos nos primeiros anos do século passado, o jazz tem sido utilizado por críticos e pesquisadores como forma se aproximar, com mais precisão, dos contextos sócio-culturais em que o estilo atingiu maior expressão.O trecho, escrito pelo tradutor Rainer Patriota, aparece na abertura de O livro do jazz ; De Nova Orleans ao século 21, que acaba de ganhar nova edição brasileira e procura se aprofundar no gênero de maneira definitiva ; dos bastidores e das inovações estéticas às questões políticas. Referência internacional sobre o jazz, a obra foi publicada pela primeira vez em 1953, pelo alemão Joachim-Ernest Berendt, morto em 2000. Esta sétima versão foi concluída por Günther Huesmann ; colaborador do autor desde a década de 1980, com quem implementou as revisões e atualizações do livro.
O gênero musical criado nos Estados Unidos por negros cujo passado estava associado à escravidão atravessou o século 20 como um dos mais representativos da cultura e da sociedade norte-americanas, o que, por consequência, acabou por desaguar em manifestações musicais mundo afora ; como ocorreu à bossa nova brasileira na década de 1950. Com o passar do tempo, o jazz passou a falar alto não só aos negros, mas a todos que tinham a liberdade como ideal, tendo se tornado espécie de música oficial da civilização urbana industrial.
Mas por que a principal referência literária sobre o jazz veio à luz pelas mãos de um alemão? Na apresentação da sétima edição da publicação, o tradutor Rainer Patriota explica que, apesar da tradição do país europeu na música erudita, o gênero norte-americano aportou em Berlim durante o período que ficou conhecido como República de Weimar, entre 1919 e 1933, onde teve grande aceitação entre os cidadãos. A ascensão de Adolph Hitler e dos ideias nacionalistas nos anos seguintes, contudo, trataram de expulsar as manifestações estrangeiras do país ; o jazz, entre elas.
Confira
Nessa terça-feira, o Universal Diner (210 Sul) promove a 3; edição do Jazzfestival, com as bandas Nostalgique Cabaret e The Black Cat Jazz Band, a partir das 21h30. Couvert artístico: R$ 62. Não recomendado para menores de 18 anos. Informações: 3443-2089.
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