O desenho da casa revela algumas peculiaridades da história do arquiteto. ;Entrei em contato com a Fundação Niemeyer no Rio de Janeiro, pois a casa não está listada no site da fundação e descobri que sabia tanto quanto eles sobre o projeto. O desenho sofreu algumas alterações para se adequar ao código de construção de Los Angeles. Por exemplo, o telhado proposto era curvo, como uma onda suave, mas foi construído reto. Talvez por esse detalhe e alguns outros Niemeyer nunca celebrou muito este projeto;, opina.
Assista ao vídeo e entrevista com Clarissa Tossin:
Como Brasília se insere dentro do seu processo criativo?
Ter crescido num espaço urbano único (ainda em formação nos anos 80) influenciou muito o meu vocabulário visual e sensibilidade em relação aos efeitos do espaço construído, seja em termos de como nos sentimos como sujeitos em dados contextos ou da ideologia e história que estes representam. Estas idéias estão presentes no meu trabalho de diferentes formas e não apenas relacionadas diretamente à Brasília.
Qual a importância do trabalho de Oscar Niemeyer para sua obra?
A contradição entre o discurso populista e a realidade dos projetos públicos de Niemeyer é uma fonte inesgotável de interesse. A estética de Brasília que foi tão formativa na minha infância provavelmente encontra formas de estar presente no meu trabalho de arte sem que eu esteja tão consciente disto. E como eu já mencionei acima, a experiência de crescer em um espaço urbano planejado ainda em formação (e aqui lembremos Lúcio Costa e não apenas de Niemeyer) desperta uma relação diferente com o espaço construído e daí talvez o interesse em trabalhar com instalações, pensar o trabalho de arte no espaço expositivo ou o trabalho de arte site-specific, e assim por diante.
Em seu trabalho, você sempre lembra da cidade. Isso surge naturalmente ou é algo que você busca retratar?
Surgiu naturalmente depois de anos morando fora da cidade. Los Angeles despertou uma Brasília guardada na minha memória e então comecei a fazer novos trabalhos em Brasília cada vez que visitava a cidade.
Você retrataria Brasília da mesma forma que a faz hoje se não tivesse crescido aqui?
A forma como Brasília entra no meu trabalho está vinculada a experiência de ter vivido na cidade. Quando menina eu era fascinada com a estética da arquitetura de Niemeyer, que também me amedrontava um pouco por eu não entender muito bem o que era esta arquitetura. Até que o estranhamento virou casa e um conforto de ser outra coisa passou a definir minha relação com a cidade. Mais tarde, a essa fascinação adicionou-se um entendimento intelectual dos processos sociais por detrás desta imponente monumentalidade que é Brasília. Demorou muito tempo até que eu começasse a utilizar Brasília como tema nos meus trabalhos. Foi necessário uma distância temporal e física para que eu pudesse articular todas estas diferentes experiências de Brasília. Eu precisei conquistar um espaço de onde eu pudesse olhar para a cidade de fora, e ao mesmo tempo, fazer uso da intimidade de quem já morou nela.
Consegue dizer como reage o público americano ao visitar suas exposições?
O trabalho tem sido bem recebido nos Estados Unidos. Certamente existe um lapso no entendimento de todas as nuanças do trabalho relativo ao contexto de Brasília com o público norte americano. Porém, acredito que muitas das reflexões que o trabalho propõe vão além de questões locais.
Como Brasília se insere dentro do seu processo criativo?
Ter crescido num espaço urbano único (ainda em formação nos anos 80) influenciou muito o meu vocabulário visual e sensibilidade em relação aos efeitos do espaço construído, seja em termos de como nos sentimos como sujeitos em dados contextos ou da ideologia e história que estes representam. Estas idéias estão presentes no meu trabalho de diferentes formas e não apenas relacionadas diretamente à Brasília.
Qual a importância do trabalho de Oscar Niemeyer para sua obra?
A contradição entre o discurso populista e a realidade dos projetos públicos de Niemeyer é uma fonte inesgotável de interesse. A estética de Brasília que foi tão formativa na minha infância provavelmente encontra formas de estar presente no meu trabalho de arte sem que eu esteja tão consciente disto. E como eu já mencionei acima, a experiência de crescer em um espaço urbano planejado ainda em formação (e aqui lembremos Lúcio Costa e não apenas de Niemeyer) desperta uma relação diferente com o espaço construído e daí talvez o interesse em trabalhar com instalações, pensar o trabalho de arte no espaço expositivo ou o trabalho de arte site-specific, e assim por diante.
Em seu trabalho, você sempre lembra da cidade. Isso surge naturalmente ou é algo que você busca retratar?
Surgiu naturalmente depois de anos morando fora da cidade. Los Angeles despertou uma Brasília guardada na minha memória e então comecei a fazer novos trabalhos em Brasília cada vez que visitava a cidade.
Você retrataria Brasília da mesma forma que a faz hoje se não tivesse crescido aqui?
A forma como Brasília entra no meu trabalho está vinculada a experiência de ter vivido na cidade. Quando menina eu era fascinada com a estética da arquitetura de Niemeyer, que também me amedrontava um pouco por eu não entender muito bem o que era esta arquitetura. Até que o estranhamento virou casa e um conforto de ser outra coisa passou a definir minha relação com a cidade. Mais tarde, a essa fascinação adicionou-se um entendimento intelectual dos processos sociais por detrás desta imponente monumentalidade que é Brasília. Demorou muito tempo até que eu começasse a utilizar Brasília como tema nos meus trabalhos. Foi necessário uma distância temporal e física para que eu pudesse articular todas estas diferentes experiências de Brasília. Eu precisei conquistar um espaço de onde eu pudesse olhar para a cidade de fora, e ao mesmo tempo, fazer uso da intimidade de quem já morou nela.
Consegue dizer como reage o público americano ao visitar suas exposições?
O trabalho tem sido bem recebido nos Estados Unidos. Certamente existe um lapso no entendimento de todas as nuanças do trabalho relativo ao contexto de Brasília com o público norte americano. Porém, acredito que muitas das reflexões que o trabalho propõe vão além de questões locais.
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