Unir música autoral e poesia popular para disseminar e fortalecer a cultura do Nordeste brasileiro no Distrito Federal. Esse é o objetivo do projeto Nós Cegos na Feira, que acontece todos os sábados do mês de julho, em cinco feiras do DF. O nome do programa remete aos artistas que se apresentam nas feiras e quase não são notados pelo público. Com isso, os músicos da banda Nós cegos pretendem despertar a valorização das vertentes multiculturais da arte nordestina, principalmente por meio da música e da poesia. As feiras foram escolhidas como local de apresentação da banda porque mesclam valores regionais e servem como ponto de encontro para todas as classes sociais. Hoje, o grupo se apresenta, às 10h, na Feira da Ceilândia.
A banda Nós cegos é formada por George Lacerda, Preto Breu, Márcio Marinho de Souza, Tiago Mória e Hudsim. Dentre os instrumentos, estão o violão, o baixo, a bateria, o cavaco e uma percussão que engloba um conjunto de pandeiro, zabumba e triângulo. O vocalista e percussionista George Lacerda explica que o grupo tem a intenção de valorizar ritmos nordestinos. ;As letras das nossas canções abordam questões políticas e amorosas. Nas melodias, fazemos experiências ao misturar forró, xote, reggae, baião e samba-rock;, conta o músico.
Diretor de produção do evento, Tiago Mória está empolgado com o projeto. ;As duas primeiras apresentações foram muito empolgantes. Na primeira edição, recebemos a cantora paraibana Cátia de França (leia entrevista ao lado), que foi muito reconhecida pelo público e consequentemente o ponto alto de todo o show;, diz. Segundo Mória, a cultura nordestina está muito bem representada em Brasília. ;Temos o artistas como o Paraibola e o Zé do Pise;, lembra. Contudo, ele ressalta alguns fatores que merecem mais cuidado. ;A infraestrutura das feiras do DF precisam ser revigoradas, já que esses locais são o principal ponto de encontro dos nordestinos;, ressalta o diretor.
Poesia entre barracas
A ativista cultural Beth Jardim é responsável pela declamação de poesias durante as apresentações do projeto Nós cegos na feira. Em 10 minutos, ela recita cerca de quatro poemas de um repertório que envolve obras autorais e de autores clássicos. O arsenal engloba Manuel Bandeira, com o poema Vou me embora pra Pasárgada; Carlos Drummond de Andrade, com Também já fui um brasileiro moreno; e Adélia Prado, com Casamento.
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