Você traz muita informação de gourmand em seus filmes. De onde vem isso?
Falo sobre o que conheço, como dizia Howard Hawks, além de me inspirar em fatos da vida ou no que li. Sempre me inspirei na minha família. Meus pais eram apaixonados por cozinha, e viajei por toda a Europa com eles. Aproveitamos refinados restaurantes. Na minha casa, as brigas eram do azeite de oliva contra a manteiga; minha mãe se derretendo pela cozinha italiana e meu pai, pelo que fosse francês. Para a minha mãe, tudo ganhava sentido com a família em torno da mesa e, na visão do meu pai, valia o prato perfeito e a disposição da arte do preparo. Tive pouca relação com Sem reservas: só entreguei o roteiro original do outro filme (o alemão Simplesmente Marta).
Nos seus filmes, você fala sobre herança. Qual a mais definitiva, na sua opinião?
Perdi meu pai muito cedo, há alguns anos, e acredito que as coisas mais valiosas a serem carregadas ao longo da vida são as memórias de amar e de ter sido amado. Isso fica consolidado quando vêm as lembranças do meu pai. Sinto tremenda falta dele. Mas fiquei com ele quando adoeceu e morreu e extraí o máximo do tempo que ainda tive com ele ; a pior coisa na vida seria lamentar: ter pesar pelo não feito.
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