Diversão e Arte

Talento do diretor Wes Anderson o faz ser cultuado pelos jovens

Diretor de O grande hotel Budapeste, em cartaz nas salas de exibição da cidade, é admirado em razão do talento em construir personagens excêntricos e da habilidade em usar a música no cinema

Ricardo Daehn
postado em 06/07/2014 10:48
O diretor Wes Anderson pode até minimizar os feitos e os efeitos que alcança com o mais recente filme, O Grande Hotel Budapeste, ao assumir que resultou de um ;pastiche dos maiores sucessos do Leste Europeu;. Quando fala assim, esse americano, de 45 anos, se refere mais precisamente à atmosfera que recobre o mais ambicioso e bem recebido dos oito longas já criados. Não é à toa que, entre mashups das técnicas antigas de filmagem e o caldo das adorações por diretores do porte de Godard, Fellini e dos mais modernos Peter Bogdanovich (A última sessão de cinema) e Mike Nichols (A primeira noite de um homem), brote uma referência mais incisiva dirigida a um pintor romântico, o alemão Casper David Friedrich, produtor de arrebatadoras paisagens.

Diretor de O grande hotel Budapeste, em cartaz nas salas de exibição da cidade, é admirado em razão do talento em construir personagens excêntricos e da habilidade em usar a música no cinema

Na produção de uma leva de comerciais foi que Wes Anderson encontrou as locações para a coprodução anglo-germânica estrelada por incontáveis atores de ponta, entre eles Ralph Fiennes, Jude Law, Bill Murray e Willem Dafoe. ;Gosto de ter uma família para constantemente nos reunirmos;, reforça, ao lembrar que o ator Owen Wilson (Marley & eu), por enquanto, não esteve apenas em uma de suas fitas. Sem tirar o devido crédito à trupe, ele, porém, delimita: ;Muito do que os atores desempenham já está na página do roteiro;. Em O Grande Hotel Budapeste, para além de amizade e amor, Wes Anderson dá relevância ao que impregna o longa desde o primeiro frame ; o interesse pelas histórias das pessoas e a paciência que, por vezes, demandam de serem escutadas.



;O tipo de sensibilidade de Wes Anderson é raro;, já demarcou um de seus grandes admiradores, Martin Scorsese. Depois de moldar, nas telas, famílias disfuncionais (Os excêntricos Tenenbaums), casais inusitados (Três é demais) e aventuras subaquáticas de um pesquisador (A vida marinha com Steve Zissou), fica difícil despistar, quando se ressalta a peculiaridade dos tipos retratados. ;Normalidade não é exatamente o que você procura, quando você pretende criar um personagem interessante;, disse ele, na divulgação de O Grande Hotel Budapeste. Depois de, na originalíssima animação O fantástico Sr. Raposo, ter embutido contravenções num pacato mamífero pai de família, agora, é a vez de tornar o concierge Gustave (Fiennes) suspeito de um plano criminoso.

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