postado em 07/06/2014 15:00
Em turnê pelo País, o grupo BNegão e Trio se apresenta em Brasília neste sábado (7/6), na festa Frenética, a partir das 22h, no Arena Futebol Clube. Para a ocasião, a trupe promete utilizar no som elementos como o samba-jazz, afrobeat, música jamaicana e hard-core. O repertório passa por comemoradas parcerias desenvolvidas pelo artista ao longo do tempo, como Sorriso Aberto, com Digital Dubs; Fundamental, com Marcelinho da Lua; e Caixa Preta, com Curumin.
Reinventando-se mais uma vez, BNegão seria melhor qualificado como representante da black music (embora o estilo seja bem mais abrangente que isto) do que apenas rapper. É que, nesses mais de 20 anos de carreira, o cantor já trabalhou com hip-hop, rap, samba e até funk nos diversos momentos de suas várias bandas. Em entrevista ao Correio, ele disse que não produz mais do mesmo e, por gostar de surpreender, trabalha em diferentes esferas musicais. Com uma trajetória marcada por polêmicas, disse que não se arrepende de nada que fez e aborda temas como política e liberdade no novo hit Funk FIFA, realizado em parceria com o grupo Pop Will Eat Itself.
Como você qualificaria seu estilo musical?
BNegão: Meu trabalho descende do hip-hop clássico, mas sabemos que a música atual tem fronteiras expandidas. Assim, dá para se envolver com diversos estilos. Outra coisa que é legal é poder cutucar a sociedade por meio de letras bem elaboradas, algo comum no punk nacional.
Sobre o Planet Hemp, acredita ter influenciado negativamente uma geração? Você acha normal fumar maconha?
BN: Não. Não acho normal e nunca fiz apologia. O que o Planet Hemp fez foi colocar na roda um assunto que não era discutido, já que quem fuma maconha acaba sendo marginalizado sem motivo. Maconha é coisa antiga, existe desde antes de os portugueses descobrirem o Brasil.
A letra de Funk FIFA traz alguma mensagem? O que os fãs podem esperar?
BN: Muita política. Tocamos muito neste assunto. Mas a faixa foi concebida através da música eletrônica, bem no estilo da década de 1980, com um quê de eletrônico e de rock. É pra quem gosta de futebol e está insatisfeito com a FIFA. Você já parou pra pensar que ela tem praticamente o mesmo status de um país? É complicado.
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Você vive de música? Como está esse cenário no Brasil?
BN: Eu vivo, mas sei que não é tão simples. Principalmente, no meio alternativo, pois são músicas que não tocam em rádio e não se beneficiam do jabá. Existem custos em uma carreira musical, sabia? É equipamento, equipe, artista. Algo que ajudou muito foi a internet, que disseminou de forma gratuita e massiva o trabalho de gente como eu.
Em sua trajetória existem vários grupos e bandas, e seguir carreira solo parece cada vez mais uma tendência. Nunca pensou em se afastar de tudo e se lançar sozinho?
BN: Já pensei sim. O problema é que acredito muito no trabalho colaborativo, realmente acho que parcerias e contribuições melhoram muito a qualidade do que se oferece ao mercado. O Trio, por exemplo, é resultado de uma união de ideias.
Sua carreira foi marcada por polêmicas. Você se arrepende de algo que fez?
BN: Não me arrependo de nada. Faria tudo de novo, 100%, e ainda digo que vem mais por aí (risos). O Funk FIFA, por exemplo, manda esse recado para a população. Vem mais por aí.