Diário de Pernambuco
postado em 28/05/2014 17:57
Apesar de haver uma certa traição na identidade e sentimento latinos neste Brasil tropical, não é apenas uma questão geográfica que nos coloca no mesmo saco de angústias e festejos de outros rincões da América Latina. Pobreza crônica e subalternidade em relação ao antigo colonizador europeu, por exemplo. E tamanha similitude deveria ser refletida no compartilhamento de gostos musicais. Mas não.
Ao que parece, existe um bloqueio em relação ao consumo de música latino-americana no Brasil. É verdade que nem sempre foi assim. A pesquisa A América Latina na Música Popular Brasileira: dois idiomas e um coro-canção, do pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Marcelo Ferraz de Paula, aponta que os idos de 1960 foram muito mais férteis para a produção de cultura neste lado do Equador.
Quem não se lembra dos brados: "Eu sou apenas um rapaz latino-americano?". Quando Belchior cantava em tempos de cólera da Ditadura nos idos de 1960. Afinal, esse período também foi transformado em dor sem limites, que extrapolou as fronteiras dos países da América Latina.
Passado mais de meio século, embora as mazelas continuem, a influência musical latina no Brasil é pouca. Talvez o "Oi, oi, oi" e "La mano arriba", popular refrão da música Danza Kuduro, originalmente do cantor porto-riquenho Don Omar, mas regravada em português para a abertura de uma novela de 2013, tenha sido a última modinha cantada com sotaque português aqui. Quiçá, quiçá, quiçá.
Caliente
E é para quem pensa, instintivamente, em La cucaracha e outros clichês quando se lembra de músicas latino-americanas que o Viver preparou uma lista de sete cantores e bandas dos quatro cantos da América Espanhola. Com diversidade, o Chile é o país que embala mais representantes, o que faz jus ao movimento musical pelo qual o país andino vem passando, algo similar à Nova Canção Chilena, quando muitos músicos surgiram inspirados pela Ditadura de Pinochet. México, Colômbia e Argentina também marcam representantes. Confira:
D;nver
[VIDEO1]
A dupla Milton Mahan e Mariana Montenegro, ou D;nver, é a representante da cena indie chilena. Experimental, e nem por isso debutante, os dois cantores e instrumentistas lançaram seu primeiro EP em 2006. De lá para cá, foram mais quatro discos. Neste clipe, dirigido por Bernardo Quesney, a banda volta a falar de uma temática que é pertinente ao repertório do grupo: as descobertas de uma fase de crises e poucas certezas. Em cena, três adolescentes se relacionam.
Los Bunkers
[VIDEO2]
Inicialmente comparada aos Beatles ; cuja influência pode se dizer perceptível ;, Los Bunkers traz traços da cultura chilena e desde 1999 emplaca seus sucessos nas rádios latino-americanas. No melhor estilo bang bang, Santiago de Chile (clipe) conta a história de um romance que teve a gélida Cordilheira dos Andes como cenário. Faz parte do sexto álbum da banda, Música livre.
Gepe
[VIDEO3]
Autodidata, o também chileno Gepe iniciou sua carreira musical solista em 2002. Gepinto (2005), Hungría (2007), Audiovisión (2010) e GP (2012) são os quatro álbuns do artista. Com referências pop, mas não somente, Bacán tu casa (clipe) revela um lugar incomum e mutável. A música está imersa nas memórias e nos momentos fugazes e lembra o próprio repertório multicultural de Gepe.
Juan Cirerol
[VIDEO4]
Este faz parte de um grupo restrito de cantores que conquista pela simplicidade. Nasceu no México e já soma, começando em 2008, quatro álbuns. Rostros vendidos, em especial, é romântica e beira o folk, mas o que chama atenção é mesmo a desconcertante voz de Cirerol.
Onda Vaga
[VIDEO5]
Já nasceu independente. A banda argentina formada em 2007 transita do reggae ao folk, dando de cara com referências latinas, bem marcadas. Hit, Mambeado traduz o sentimento de calmaria que os "hermanos" conquistam facilmente.
Monsieur Periné
[VIDEO6]
O francês que dá nome à banda colombiana, nascida em 2007, já diz sobre outras influências - além das próprias marcas latino-americanas -, como o jazz. A voz suave e lúcida da vocalista Catalina García é um primor. A música do recente La ciudad ; que faz parte do único CD da banda, Hecho a mano ; é referência.
Hello Seahorse!
[VIDEO7]
Sobretudo experimental, a banda mexicana é uma fábrica de músicas chiclete. Desde sua formação, em 2006, já lançou mais de seis discos. O novo hit No es que no te quiera lembra os escancarados "bregas" mexicanos, a começar pela voz desconcertante da cantora Denise Gutiérrez.
Ao que parece, existe um bloqueio em relação ao consumo de música latino-americana no Brasil. É verdade que nem sempre foi assim. A pesquisa A América Latina na Música Popular Brasileira: dois idiomas e um coro-canção, do pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) Marcelo Ferraz de Paula, aponta que os idos de 1960 foram muito mais férteis para a produção de cultura neste lado do Equador.
Quem não se lembra dos brados: "Eu sou apenas um rapaz latino-americano?". Quando Belchior cantava em tempos de cólera da Ditadura nos idos de 1960. Afinal, esse período também foi transformado em dor sem limites, que extrapolou as fronteiras dos países da América Latina.
Passado mais de meio século, embora as mazelas continuem, a influência musical latina no Brasil é pouca. Talvez o "Oi, oi, oi" e "La mano arriba", popular refrão da música Danza Kuduro, originalmente do cantor porto-riquenho Don Omar, mas regravada em português para a abertura de uma novela de 2013, tenha sido a última modinha cantada com sotaque português aqui. Quiçá, quiçá, quiçá.
Caliente
E é para quem pensa, instintivamente, em La cucaracha e outros clichês quando se lembra de músicas latino-americanas que o Viver preparou uma lista de sete cantores e bandas dos quatro cantos da América Espanhola. Com diversidade, o Chile é o país que embala mais representantes, o que faz jus ao movimento musical pelo qual o país andino vem passando, algo similar à Nova Canção Chilena, quando muitos músicos surgiram inspirados pela Ditadura de Pinochet. México, Colômbia e Argentina também marcam representantes. Confira:
D;nver
[VIDEO1]
A dupla Milton Mahan e Mariana Montenegro, ou D;nver, é a representante da cena indie chilena. Experimental, e nem por isso debutante, os dois cantores e instrumentistas lançaram seu primeiro EP em 2006. De lá para cá, foram mais quatro discos. Neste clipe, dirigido por Bernardo Quesney, a banda volta a falar de uma temática que é pertinente ao repertório do grupo: as descobertas de uma fase de crises e poucas certezas. Em cena, três adolescentes se relacionam.
Los Bunkers
[VIDEO2]
Inicialmente comparada aos Beatles ; cuja influência pode se dizer perceptível ;, Los Bunkers traz traços da cultura chilena e desde 1999 emplaca seus sucessos nas rádios latino-americanas. No melhor estilo bang bang, Santiago de Chile (clipe) conta a história de um romance que teve a gélida Cordilheira dos Andes como cenário. Faz parte do sexto álbum da banda, Música livre.
Gepe
[VIDEO3]
Autodidata, o também chileno Gepe iniciou sua carreira musical solista em 2002. Gepinto (2005), Hungría (2007), Audiovisión (2010) e GP (2012) são os quatro álbuns do artista. Com referências pop, mas não somente, Bacán tu casa (clipe) revela um lugar incomum e mutável. A música está imersa nas memórias e nos momentos fugazes e lembra o próprio repertório multicultural de Gepe.
Juan Cirerol
[VIDEO4]
Este faz parte de um grupo restrito de cantores que conquista pela simplicidade. Nasceu no México e já soma, começando em 2008, quatro álbuns. Rostros vendidos, em especial, é romântica e beira o folk, mas o que chama atenção é mesmo a desconcertante voz de Cirerol.
Onda Vaga
[VIDEO5]
Já nasceu independente. A banda argentina formada em 2007 transita do reggae ao folk, dando de cara com referências latinas, bem marcadas. Hit, Mambeado traduz o sentimento de calmaria que os "hermanos" conquistam facilmente.
Monsieur Periné
[VIDEO6]
O francês que dá nome à banda colombiana, nascida em 2007, já diz sobre outras influências - além das próprias marcas latino-americanas -, como o jazz. A voz suave e lúcida da vocalista Catalina García é um primor. A música do recente La ciudad ; que faz parte do único CD da banda, Hecho a mano ; é referência.
Hello Seahorse!
[VIDEO7]
Sobretudo experimental, a banda mexicana é uma fábrica de músicas chiclete. Desde sua formação, em 2006, já lançou mais de seis discos. O novo hit No es que no te quiera lembra os escancarados "bregas" mexicanos, a começar pela voz desconcertante da cantora Denise Gutiérrez.