A cantora Margareth Menezes foi responsável por disseminar a cultura baiana e afropop e, consequentemente, a brasileira para o resto do mundo nos anos 1980. Nascida em uma família humilde, a artista dá todo o crédito do sucesso às oportunidades que teve na adolescência, como as aulas de teatro na escola. "Isso na minha formação primária me encantou, o que tive de teatro me ajudou a fazer uma carreira que tem sido ótima", conta.
Em entrevista ao Correio, Margareth revelou detalhes sobre os 25 anos de trajetória, a vida pessoal, o desapreço em ver televisão e o fato de não participar dos rituais de candomblé. Ela falou, também, sobre várias questões relacionadas ao país: "Não falo isso para todo mundo, as pessoas não gostam de ouvir o que tenho a dizer. Mas estou aqui de coração aberto."
Como foi o primeiro envolvimento com a música, já que começou a carreira artística como atriz?
Eu já cantava antes de ser atriz, a música é uma coisa que sempre esteve na minha vida. Comecei a tocar aos 15 anos. Aos 16, ganhei meu primeiro violão. Fiz parte do coral da congregação baiana e, na minha escola, naquele período, abriu um curso de teatro. Ele foi muito importante, me expandiu e me conscientizou. Mas a música era uma coisa muito natural para mim. Só que eu não tinha a menor pretensão. Não tinha uma ganância de ser atriz ou de ser cantora. Quando comecei a fazer teatro, as pessoas me elogiavam. Ganhei mais consciência.
E como o teatro influenciousua carreira?
Até hoje a minha performance no palco tem uma base do teatro. Meu trabalho de interpretação tem a ver com isso. O Brasil é um país muito desequilibrado na questão de oportunidades. Não existe, ainda, um projeto real para potencializar as oportunidades do povo brasileiro e valorizar os seus talentos. A parte artística é deixada aquém. Apesar de ser um país forte, não há um investimento do governo para transformar a realidade do povo brasileiro. A miséria do povo segue sendo um legado para a continuação do desequilíbrio. Falta uma visão mais progressista real em relação ao que a gente está passando. Faltam carteira nas escolas, falta estudo, vivemos uma violência terrível. É isso aí que nos falta.
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