Verônica, por sua vez, entende que há, atualmente, um maior interesse do mercado editorial por novos escritores. Já Luisa acredita que uma maior abertura das editoras para novos nomes não muda a recepção do público. ;Por mais que se publique, a recepção não é diferente. Mas isso já é bom, porque motiva o novo escritor, mesmo que seja um livro com baixa receptividade. A publicação não garante nada, mas já é um bom começo;, disse a jovem escritora, ganhadora de dois prêmios Sesc de Literatura, em 2010 e 2011.
A influência de novos formatos, como e-books (livros digitais, comprados e lidos na tela de tablets ou formatos semelhantes) preocupa José Rezende, mediador do debate. Embora goste das novas possibilidades de acesso à literatura, ele teme que trilhas sonoras ou pequenos filmes sejam usados no meio dos textos. Luisa e Verônica, no entanto, não acreditam que essa possibilidade de interatividade possa ser algo prejudicial. ;Acho que o nosso limite é sempre forçar questionamentos sobre algo ser ou não literatura. Às vezes pode ser diferente, mas nem por isso, deixaria de ser uma experiência literária;, disse Verônica.
Para Laub, cada tipo de escritor e história tem seu público cativo, e ele não teme o desaparecimento de um formato em favor de outro. Ele explica que todas as histórias tem seu nicho de leitores, sejam best sellers de fantasia ou um texto que questione a própria literatura. ;Todos são escritores com seu público. Tudo isso convive de uma forma muito saudável e o que vai determinar se ele é bom ou não é o que está dentro dele, e não a plataforma que ele vai usar;.
Seu penúltimo livro, Diário da Queda (Companhia das Letras, 2011), teve os direitos vendidos para onze países. O que você acha disso?
É muito interessante, porque é um autor completamente diferente, que está alheio as questões sociais do Brasil, que não é influenciado pela crítica que se escreve sobre mim, que ignora o mercado editorial brasileiro e tem mais chance de fazer uma leitura que não seja viciada. O leitor estrangeiro vai julgar pelo que esta escrito, tudo que ele tem é o livro na mão. Ao mesmo tempo, não é o mesmo livro que eu escrevi por conta da tradução.
Você começou a escrever antes do boom da internet. É mais fácil ser escritor hoje?
As dificuldades para escrever continuam sendo as mesmas, porque tem a ver mais com o talento do escritor, em como ele vai lidar com as questões sociais em que ele vive.
Existe uma crítica corrente de que a ficção brasileira não condiz com a realidade social do país, representando apenas uma classe e um gênero?
Existe essa crítica da classe média, mas eu acho que a crítica as vezes se esquece que o escritor tem a liberdade de escrever sobre o que quiser. Não acho que ninguém sente para escrever e pense, ah vou falar sobre isso porque ninguém até agora falou. O escritor escreve sobre o que ele quiser, sobre o que incomoda.