Juntos um fenômeno no Brasil, Avenged Sevenfold, e a capital do rock. Não deu outra. Quando a banda metal californiana, liderada pelo carismático M. Shadows, subiu ao palco do Ginásio Nilson Nelson, por volta das 21h40, a plateia de cinco mil pessoas, a maioria jovens, já estava gritando eufórica pelo início, marcado para as 21h. Como tem sido o roteiro da turnê mundial do álbum Hail to the king, o guitarrista Synyster Gates foi o primeiro a aparecer. Já nos primeiros acordes da música de abertura, Shepherd of fire, a banda sentiu o frenesi e a energia do público, que pulou alucinado e cantou junto.
Foi o suficiente para M. Shadows perceber que aqui seria diferente da passagem pelo Rio no sábado, que teve um quê de decepção, com público abaixo do esperado, depois da apresentação apoteótica no Rock in Rio em setembro do ano passado, para um público de 85 mil pessoas, e da abertura frenética da turnê em São Paulo, cujos ingressos se esgotaram um mês antes. O fato de a banda ter voltado ao Rio apenas seis meses depois e com o carioca ainda de ressaca do carnaval contribuiu para a presença de apenas 4 mil pessoas, um número abaixo da expectativa.
[SAIBAMAIS]Apesar de terem o público brasileiro como um dos mais fiéis, a estreia na capital federal, que anda tomada pelo estilo sertanejo, também deixou uma expectativa no ar. Mas a juventude de Brasília honrou a fama. Como M. Shadows e Synyster Gates, o guitarrista Zacky Vengeance e o baixista Johnny Christ não esconderam a empolgação. Arin Ilejay, o jovem baterista, estava à vontade e feliz no posto que foi do já lendário Jimmy "The Rev" Sullivan, morto em 2009 de overdose acidental de remédios e álcool.
Ao fim de Shepherd of fire só se ouvia o público berrar "Sevenfold", "Sevenfold". Como esperado, o êxtase tomou conta do estádio quando os acordes de Critical acclaim começaram a ecoar. Dali até o final, se repetiu o que o Sevenfold faz com rara competência hoje em dia ; ter a plateia na mão do início ao fim, cantando quase todas as músicas.
Com 15 anos de estrada e seis álbuns lançados, o Avenged Sevenfold (que significa sete vezes vingado, nome retirado do livro Gênesis da Bíblia), já vendeu mais de 10 milhões de discos no mundo. No início, o estilo era mais metal core ; uma fusão de hardcore e heavy metal, que mistura vocais guturais com melódicos. O último CD Hail to the King, no entanto, reflete um heavy metal mais clássico. O fato é que a banda é apontada por parte da crítica mundial como a sucessora do Metallica e do Iron Maiden, influências que os integrantes sempre reconheceram e assumiram, além também de Guns ;n Roses.
O setlist em Brasília foi basicamente o mesmo que vem sendo tocado na turnê pela América Latina, com uma diferença. No lugar de Beast and the harlot, entrou Welcome to the family do disco Nigthmare, de 2011, lançado após a morte de The Rev. Como ocorreu nas outras cidades, o solo de Synysgater, apontado pelos críticos como um dos melhores do mundo na atualidade, levou o público ao delírio.
A banda costuma agradar ao público tocando os grandes hits dos álbuns anteriores e não só as músicas novas. De Hail to the king, estão quatro das cinco melhores. Fica faltando Coming home, que pode bem entrar na lista. A boa novidade é a inclusão de Almost easy, do CD Avenged Sevenfold (2007), ausente no Rock in Rio e incluída nessa turnê.
Na volta do bis - Unholy confessions -, parte da plateia teve um frio na barriga quando M.Shadows fez o ritual de encerramento do show, como no Rock in Rio. A little Piece of Heaven ficaria de fora? O público invocou, e os 8 minutos da música encerraram o show. M.Shadows declarou que voltará brevemente à cidade. Na página do Sevenfold em uma rede social, a banda agradeceu ao público e escreveu que foi a primeira vez em Brasília, mas não a última. Realmente, foi uma noite espetacular no Nilsen Nelson.