;Creio que a ficção permite a catarse. E a catarse ajuda a suportar o trauma. O relato factual é mais próximo de um ajuste de contas com a história, com os outros. A ficção é mais adequada a um ajuste de contas consigo mesmo;, diz. ;A ditadura militar brasileira não traumatizou a totalidade da sociedade como ocorreu na Argentina e no Chile, e sim alguns de seus segmentos. Por isso, não houve incorporação de um fato traumático à memória coletiva. E também por isso, foi fácil aos setores dominantes, que apoiaram a ditadura e se mantém dominantes, apropriar-se também da sua história e transformá-la rapidamente em ;história antiga;, embora muitos de seus protagonistas e suas vítimas ainda vivam.; Kucinski é, ele mesmo, uma das vítimas. O autor perdeu a irmã e o cunhado durante o regime militar.
, para assinantes. Para assinar, clique.