O progresso fez da Primeira Guerra Mundial o primeiro conflito com cobertura de fotografias, cinema e rádio, isolando o retrato tradicional, que voltou a ganhar destaque em uma exposição de Londres.
A mostra A Grande Guerra em retratos foi inaugurada nesta quinta-feira na Portrait National Gallery, como parte dos eventos de recordação do centenário do início do conflito (1914-1918). Integrada principalmente por pinturas, mas também com fotografias e esculturas, todas imortalizando protagonistas do conflito.
Reis, generais, políticos, heróis e soldados - saudáveis, chocados com uma explosão ou desfigurados -, integram uma mostra que pretende "conectar com os que estiveram lá", disse à AFP o curador da exposição, Peter Moorhouse.
"Esta mostra não é de história militar, é sobre a Grande Guerra, mas aborda o tema de uma perspectiva diferente. Não é sobre linhas no mapa, nem sobre estatísticas, é sobre a experiência humana, nos conectamos com os que estiveram lá e a maneira de fazer isto é com seus retratos", explicou Moorhouse.
Um sombrio Winston Churchill, primeiro Lorde do Almirantado, é objeto de um dos quadros mais notáveis, obra do grande retratista irlandês William Orpen.
O quadro mostra um Churchill mais jovem e menos volumoso, dando a impressão de estar curvado pela carga do desastre da batalha de Galipoli, uma iniciativa dele que pretendia acabar com a resistência do império Otomano e abrir uma nova frente, mas acabou com dezenas de milhares de soldados mortos e sua demissão.
"É a descrição mais lúgubre e poderosa que existe do estadista. É uma pintura que Winston Churchill conservou por toda a vida", explica o curador.
A sala dedicada aos reis - o kaiser Wilhelm II da Alemanha, o rei George V da Inglaterra ou o imperador Franz Joseph I de Áustria-, reserva um espaço para primeira foto de Gavrilo Princip após sua detenção.
Princip foi o bósnio que assassinou o arquiduque Franz Ferdinand da Áustria nas ruas de Sarajevo, crime que precipitou um dominó de declarações de guerra que mudaram para sempre o mundo dos monarcas.
Os retratos dos generais - o marechal francês Foch, o alemão Hindeburg, os ingleses Plummer e Haig -, têm o ar de grandeza dos retratos de Estado que contrasta com a intimidade das imagens dos soldados.