Ele pretende criar um movimento para colocar os livros de literatura policial na lista de mais vendidos do país. ;Esse movimento, que já existe em outros países, pode ser o começo. Na Europa, há prêmios e palestras voltadas para o gênero. No Brasil, isso é muito difícil. Um autor policial conseguir chamar a atenção da imprensa é um trabalho muito árduo;, diz Raphael.
O que falta, para o jovem escritor, é a união de autores contemporâneos. ;Aqui no país tudo é muito isolado. Nunca houve um movimento de união. Tenho recebido o apoio da editora (Companhia das Letras) para criar uma comoção em torno da literatura policial. Em maio, por exemplo, haverá uma série de palestras sobre o tema, com Tony Belloto, Alfredo Garcia Roza ; que considero o maior autor brasileiro do gênero hoje em dia ; e Patrícia Melo;, conta o Raphael, que conseguiu gerar alvoroço no mercado editorial com a publicação de Suicidas ; finalista do Prêmio Machado de Assis, da Biblioteca Nacional, em 2012; e do Prêmio São Paulo de Literatura, em 2013. ;Tenho conseguido uma repercussão no meu trabalho. Suicidas vendeu muito bem, o próximo (Dias perfeitos) já tem um burburinho interessante.
Três perguntas para Luiz Biajoni (autor de A Comédia Mundana - Três novelas policias sacanas)
1) Você acha que o movimento entre os autores de literatura policial no Brasil é caótico?
O que não é caótico no Brasil? Não existe nenhum tipo de "movimento" literário articulado no Brasil. Existem vários escritores que lidam com mistério, suspense, publicam thrillers, romances de whodunit (que são aqueles "quem cometeu o crime?"), alguns desses escritores são muito bons, outros são realmente péssimos e não há qualquer movimento ou coesão que os aproxime a não ser estarem escrevendo sobre, bem, algum tipo de crime. No ano passado participei de uma Master Class com Anthony Zuicker, o criado de CSI, ele esteve no Rio em um evento da Globosat, fui convidado, e comentei com o pessoal lá durante a Master Class: se tivesse um CSI Brasil os policiais iam sempre prender os suspeitos errados. O romance policial brasileiro tem que passar por esse tipo de questionamento, tem que ter esse elemento do ERRO, esse tempero da corrupção, das ilações de poder. E, nesse sentido, cada autor, de cada região do País, dependendo do conhecimento e de como ele compreende e apreende a polícia (e os crimes e os bandidos), nasce UM TIPO de romance policial. Cidade de Deus não é um romance policial? O livros do Garcia-Roza não são policiais? Suicidas, do Raphael Montes, não é policial? Os meus também são, embora sejam diferentes de todos esses.
2) Quais são as suas referências entre os autores nacionais do gênero?
Minhas referências nacionais não são do policial, talvez apenas Rubem Fonseca, mas menos pelo "tema" e mais pela linguagem. Me interessa a narrativa de Nelson Rodrigues. Gosto de grandes narradores, populares, como Jorge Amado.
3) Há uma boa dose de humor e erotismo no seu livro. Essa pode ser considerada a fórmula da narrativa policial no Brasil?
Pois, acho que respondi um pouco essa na primeira: pra qualquer lugar que se olhe no Brasil tem sacanagem, sexo, e humor, piada. Porque não teria num livro policial? A ideia é fazer um romance moderno, contemporâneo, ágil, realista na medida do crível (embora a realidade sempre supere a ficção - um clichê válido), mostrando as pessoas como elas são e pensam. E que tenha alguma relevância no cenário atual. Sempre me pergunto isso: esse livro é relevante? Se não for, não vale a pena escrever.
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