Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Doze anos de escravidão ressalta resistência do amor, diz cineasta

O filme estreou nesta sexta-feira nos cinemas e concorre em nove categorias do Oscar. Pela primeira vez, um diretor negro tem a chance de levar a estatueta



Inquieto no registro de extremos, Steve McQueen teve incursão em vídeos alternativos, área na qual criou o "musical" Drumroll (em 1998), numa caótica 5; Avenida registrada por três câmeras dentro de um barril. Nessas traquinagens entre instalações e vídeos ; anteriores à projeção em cinema ;, ele conquistou, há 15 anos, o prêmio máximo dos artistas contemporâneos londrinos, o Turner Prize.

Tantos recursos visuais instigaram os teóricos do cinema a encampar princípios que apontavam o uso do corpo (e de suas transformações) como recorrente; ao que ele retifica: "Bem, todo mundo usa corpos em movimento nos filmes".

Depois de homenagear Buster Keaton (em Deadpan); literalmente, se desnudar em cena, no curta mudo Bear (sobre o encontro entre dois homens), o filho de imigrantes caribenhos deixa entrever, com 12 anos de escravidão, fator magno para sua obra: a injustiça. Depois de driblar oportunidades escassas em escolas públicas, com o ônus da dislexia, aquele que pode vir a ser o primeiro diretor negro a vencer o Oscar, ressalta os efeitos do racismo que trouxeram "um peso no peito e nas costas": ficou "ferido", mas nunca "raivoso". Escolha visível em 12 anos de escravidão.