O cineasta ceilandense Adirley Queirós acaba de apresentar seu novo longa-metragem. Branco sai, preto fica. Desta vez, o diretor da segregação social no Distrito Federal abandona parte do realismo cinematográfico para narrar uma fabulação, localizada em Ceilândia, a cidade satélite mais populosa do Distrito Federal e fonte criativa do realizador do DF. A postura reflexiva sobre situações de injustiça contra populações periféricas continua. Desta vez, porém, ela é reformulada dentro do gênero de cinema da ficção científica. Queirós reaparece como um cineasta de linguagem ainda mais refinada desde o híbrido entre documentário e ficção A cidade é uma só?, lançado no ano passado.
Não é que Branco sai não tenha se utilize dos mesmos dispositivos que o anterior. Esse também é um filme com hibridismo, mas há uma força narrativa ainda mais poderosa no novo cinema ceilandense, capitaneado pelo diretor, um dos nomes a produzir em sistema coletivo do CEICine. Há paralelos a serem traçados mirando o poder colaborativo dos documentários de Jean Rouch feitos na África sendo Eu, um negro (1958), uma das grandes referências. O documentarista francês realizava filmes em parceria com seus personagens fazendo as vezes de atores dramáticos ou sociais. Havia uma projeção da história deles mesmos por meio da montagem de histórias orais fabuladas. Ao mesmo tempo, Branco sai evoca Alphaville, de Jean-Luc Godard, feito na trilha da Nouvelle Vague em 1965. É uma maneira de recontar a história não oficial do Distrito Federal.
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No futuro imaginado em Branco sai, Brasília será uma cidade fechada para visitantes de cidades satélites e o trânsito de pessoas de fora do Plano Piloto só será autorizado com a existência de um passaporte. A Polícia do Bem Estar Social é um dos instrumentos de controle e alienação de cidadãos nesta distopia. A resistência em Ceilândia está nas sucatas tecnológicas reunidas como armas contra as do Estado opressor. No elenco, figuram os atores da cidade, Dilmar Durães (a revelação de A cidade é uma só?) e a atriz Gleide Firmino (A caroneira, de Otávio Chamorro).
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