Os fotógrafos Cesar Barreto e Renan Cepeda trabalham com técnicas diferentes, mas há um ponto de confluência na maneira como encaram o Rio de Janeiro. Ambos olham para a paisagem e, por pura coincidência (ou desejo), a transformam em um cenário de outro tempo, no qual os seres humanos não estão presentes e a cidade ganha uma dimensão inusitada. Barreto faz sua leitura no livro Rio pitoresco, um conjunto de fotografias em preto e branco registradas desde 1995 e consagradas à paisagem da cidade. Cepeda resgata uma técnica experimentada pelo pai, um fotógrafo amador, para compor Rio infravermelho. O fotógrafo vai em busca do que chama de luz invisível para fazer um registro futurístico e apocalíptico.
Rio infravermelho nasceu de uma pesquisa com filmes infravermelhos herdados do pai. Cepeda queria encontrar uma assinatura artística e realizar um trabalho que pudesse ser reconhecido pelas composições e pelos tons das imagens. ;É uma técnica em que a gente capta a porção invisível da luz, a camada infravermelha. É uma luz que a gente não vê. E isso dá resultados bem oníricos. É uma luz que a fotografia tenta representar, mas que é invisível;, explica.
O resultado é uma paisagem de cores exacerbadas. Com o infravermelho, as cores verdes da paisagem ganham tonalidades explosivas e solares enquanto o concreto aparece escuro. ;A paisagem fica enaltecida, forte. A urbe carioca agride muito o espaço geológico, essa combinação de maré, serra e baía. O Rio é uma cidade feia, sem muita personalidade arquitetônica, sem projeto urbano eficiente. Isso incomoda muito. A foto infravermelha é uma forma de camuflar a paisagem da natureza;, repara. ;E há uma atemporalidade. Você não percebe que a maioria das fotos foram feitas agora. Parecem fotos antigas.;
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