Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Em entrevista, viúva de Saramago fala da relação dele com os livros

"Ele lia muito, porque ler é a melhor forma de alimentar nossa sensibilidade. Respeitava igualmente os leitores e os escritores"

Antes de se tornar figura pública notável, José Saramago já havia chamado a atenção de Pilar del Río, jornalista espanhola, 28 anos mais nova e leitora compulsiva do escritor português. Somente aos 60 anos, Saramago obteve reconhecimento mundial, por meio do lançamento do quarto livro, Memorial do convento (1982). A partir dali, um público cada vez mais amplo passou a entrar em contato com o autor, conhecido pelo ferrenho ateísmo, pelas críticas ao capitalismo e pela genialidade que gerou clássicos, como Ensaio sobre a cegueira (1995), adaptado para o cinema pelo brasileiro Fernando Meirelles, e A caverna (2000).

[SAIBAMAIS]Pilar sempre o adorou. Antes mesmo de Memorial do convento e, certamente, depois. Arrebatada pela escrita do português, acabou por traduzir os principais títulos de Saramago para o espanhol. ;Desde que nos conhecemos, sabíamos que tudo seria diferente;, revelou em entrevista exclusiva ao Correio. Em 1986, a pedido dela, trocaram as primeiras palavras. Casaram-se dois anos depois. Viveram juntos até a morte do escritor, em 2010. Desde então, Pilar passou a militar pelos ideais defendidos e abordados nos livros do falecido marido, Nobel de Literatura em 1998.

Vazio preenchido
Presidente da Fundação José Saramago, em Lisboa, Pilar se aproximou de tal forma da cultura portuguesa que requereu a cidadania do país. O pedido foi atendido. ;Não queria que Portugal perdesse um habitante. Pelo menos, em termos numéricos, eu substituí o eco deixado por Saramago;, poetizou a jornalista.

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