Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Em entrevista, escritor de Necrópole fala sobre carreira e criação da obra

O esloveno Boris Pahor completou em 2013 um século de vida. Para quem passou por duas guerras mundiais, viver por tanto tempo traz significados diferentes para as lembranças



Pahor nasceu em Trieste, Itália, dentro da comunidade minoritária eslovena. Durante a Segunda Guerra Mundial, colaborou com a resistência antifascista eslovena e foi deportado para os campos de concentração nazistas. Lecionou por 24 anos literatura italiana e eslovena. Já foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura. Em 1992, recebeu o Prêmio Pre;eren, o mais alto reconhecimento esloveno, por sua atividade literária. Em 2007, recebeu a Ordem Nacional da Legião de Honra do governo francês; e, em 2009, a Condecoração Austríaca de Ciência e Arte dada pelo governo daquele país.

Suas experiências o marcaram profundamente tanto na vida pessoal quanto na produção literária. Os resquícios podem ser observados em seus livros. O autor não se cansa de dizer que o amor é o único valor pelo qual o homem pode ser aliviado do mal. Mais do que um escritor, alguém para se admirar.

Por que escreveu Necrópole?

Eu escrevi para meus amigos que morreram, porque é preciso lembrar que deram a vida pela liberdade. Nos campos de concentração, morria-se por falta de comida, por doenças e pelas mãos dos homens.

O senhor mudaria algo no seu livro?

Mudar? Poderia escrever um livro maior, mas não mudaria nada.

O que gostaria de apagar da sua memória?

Não há como eliminar lembranças. A partir do momento que vivemos algo, podemos deixar de lado, mas não apagar. Tudo que está na memória está ligado a outras experiências. Há memórias terríveis, mas não se deve eliminar porque são ruins. É preciso acostumar-se a elas, acostumar-se para conseguir viver momentos belos. As memórias têm riquezas, mesmo quando tristes.

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