Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Cena instrumental da cidade ganha destaque com surgimento de bandas

No últimos anos, várias bandas despontaram após investimento no gênero; veja onde ouvir Jazz em Brasília

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Imagine a seguinte situação: você está em um evento e escuta os acordes de jazz. Quando olha para a banda, vê jovens tocando instrumentos clássicos e um gênero, que, convencionalmente, é associado a artistas da velha guarda. Essa é uma cena que tem se tornado comum em Brasília. O estilo, um dos mais antigos da música, passou por uma reformulação na capital e chegou até a garotada. ;Hoje em dia, músicos dos mais diversos estilos têm trazido para o universo musical elementos presentes no jazz. Assim como os jazzistas, eles também procuram material em outras escolas. Já se ouve o som misturado com eletrônica, por exemplo, o que é muito apreciado pelo público jovem;, afirma Iguinho Krieger, baterista da banda Jazzplore.
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No últimos anos, várias bandas despontaram após investimento no gênero. Todos são grupos recentes, criados entre 2011 e 2013, e compostos por integrantes jovens. Dentro dessa categoria, está a brasiliense Jazzplore, que surgiu há dois anos. Formado por Filipe Togawa, Iguinho Krieger, Chico Padilha, Rudá Lobão, Black Lacerda e Viniboy Corbucci, o sexteto surgiu de forma inesperada com a proposta de criar uma banda dedica ao estilo. ;Nós apreciávamos o jazz, mas não dividíamos esse gosto, pois, até então, não nos conhecíamos;, explica Krieger. ;Um integrante era amigo do outro ou já tinha tocado junto. Quando nos demos conta, tínhamos formado o sexteto;, completa.

Desde a criação, a banda toca em bares da cidade e tem sido convidada, principalmente, para se apresentar em eventos ao ar livre, algo que tem virado tendência em Brasília. ;O público tem se diversificado e o estilo, cada vez mais, deixa de ser restrito a determinados setores da sociedade brasileira;, acredita Krieger.

Paixão antiga

Bruno Gafanhoto, que comanda dois grupos relacionados ao estilo musical (Bruno Gafanhoto Quarteto e Funqquestra), se envolveu com o jazz ainda quando estava na Universidade de Brasília (UnB). Aos 17 anos, o rapaz, que até então tocava rock, teve o primeiro encontro com o ritmo. ;Comecei a fazer uma matéria em prática de conjunto em jazz. Depois, fiz meu mestrado focado no gênero;, conta.

O jovem viajou para os Estados Unidos, onde aprimorou os estudos sobre o gênero e teve a chance de tocar com vários artistas internacionais. Ao retornar ao Brasil, no ano passado, ele resolveu fundar os dois projetos. O quarteto tem como ponto principal o jazz, já a Funqquestra mistura o estilo com influências do groove e funk. Em ambos, porém, ele aposta em versões de músicas consagradas e também em canções autorais. ;Por mais que eu respeite e idolatre os ídolos do passado, acho que, como artista, tenho que levar a música para frente;, diz Gafanhoto, ao declarar que prefere não tocar cover nas apresentações.

Com as duas bandas e a crescente cena instrumental, o artista se divide para conciliar os shows nos bares da cidade. ;Está se tornando mais acessível. Antes, tinha uma carga muito elitista. Hoje, temos muitos jovens e pessoas de todas as classes curtindo o gênero. E isso é primordial porque, historicamente, ele nasceu do povo;, afirma. Aproveitando a boa fase do ritmo na capital, Gafanhoto pretende gravar um CD do quarteto ao vivo, no primeiro semestre de 2014, e outro da Funqquestra, ainda sem previsão.

Encontro marcado

O crescimento da cena instrumental na cidade criou até um dia certo para o ritmo ; agora, a terça-feira é o dia do jazz em diversos estabelecimentos da cidade. ;É muito interessante um dia da semana ser associado a um estilo musical ou a um tipo de evento. Cria identidade e, consequentemente, cativa o público;, analisa Iguinho Krieger, da Jazzplore.

Uma das bandas que, talvez, tenha influenciado na instituição do ;dia oficial; do estilo é a 4 Jazz. O grupo, composto por Igor Diniz, André Costa, Carlos Cardenas e Bruno Yakalos, toca há algum tempo todas às terças em um bar da cidade. O quarteto costuma fazer versões e adaptações no formato jazz. ;Fazemos releituras de músicas brasileiras e também das internacionais;, revela o baterista André Costa. O grupo prepara um pré-projeto para o lançamento de um CD com ajuda do Fundo de Apoio à Cultura (FAC).