Nahima Maciel
postado em 16/12/2013 06:20
Aos 88 anos, Rubem Fonseca não está mais profético, mas continua caótico e desencantado. Em Amálgama, seu 15; livro de contos, o difícil é não cair no desencanto. São 50 anos de carreira desde Os prisioneiros, a estreia na literatura e o começo de uma escrita feroz e certeira para reler um Brasil paradoxal. Os 34 contos desfiam algumas obsessões ; pessoas que nascem sem pernas ou braços, anões, erotismo, assassino de gatos, um quase parricídio, um efetivo infanticídio e um louco que fura peitos com silicone ; e o cardápio de Fonseca é tão variado quanto incômodo.
As experiências narrativas que tanto marcaram os livros do escritor ficam para trás em Amálgama. Não se trata de explorar a forma e, com isso, as históricas ganham outros caminhos. Apesar de independentes, há uma costura entre os contos e ela fica clara diante do desencanto dos personagens diante do mundo. Um desalento causado, talvez, pela cegueira, como aquela que atormenta o Matador de corretores. ;As pessoas andam pela cidade e nada veem. Veem os mendigos? Não. Veem os buracos nas calçadas? Não. As pessoas leem livros? Não, veem novelas de televisão. Resumindo: as pessoas são todas umas cretinas;, rumina o assassino.
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