Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Correio Braziliense relembra músicos que se destacaram na cidade este ano


A música de Brasília caminha lentamente rumo à profissionalização. Um passo de cada vez. Há casos isolados de grande repercussão nacional, como já ocorre há algum tempo, mas percebe-se que, a despeito das dificuldades, há vários novos (e atuantes) nomes surgindo na cena. Os espaços estão cada vez mais minguados, sobretudo no Plano Piloto, mas os CDs independentes estão aparecendo aos montes, mostrando que é viável uma cena forte longe dos mercados tradicionais. O lançamento do novo disco do Móveis Coloniais de Acaju, há alguns meses, é um bom exemplo de um trabalho cujo interesse foi transcendendo as linhas do Distrito Federal de forma gradativa, pelo caminho natural da persistência. Ellen Oléria conseguiu enorme visibilidade ao vencer um reality show, mas já vinha pavimentando sua estrada há tempos. Resultado: chegou pronta e surpreendeu o mercado. Para os que ficaram em Brasília, 2013 reafirmou a vocação da cidade para surpreender o público com rock de qualidade e música instrumental tipo exportação. O Correio relembra nomes e acontecimentos que, certamente, contribuíram para que este ano seja um capítulo importante da música brasiliense.


PASSO LARGO
Abrir shows de Lulu Santos, Skank, Titãs e Paralamas do Sucesso, 2013 foi um bom termômetro para o grupo. Ao encarar um público que não conhecia, o trio formado por Vavá Afiouni (baixo), Marcus Moraes (guitarra) e Thiago Cunha (bateria) confirmou que o rock instrumental autoral agrada. Para 2014, preparam novo trabalho. ;A galera está um pouco carente de música instrumental acessível;, acredita Afiouni.

DELTAFOXX
Novidade na música eletrônica, o duo formado pelos DJs Fábio Popinigis e Cris Quizzik é exemplo de música para exportação. ;Optamos pela língua inglesa porque o Cris já morou um tempo fora e, para compor, acaba sendo mais fácil;, reconhece Fábio, que, assim como Quizzik, demonstra o afã de levar o projeto além das fronteiras brasileiras. ;Para o nosso estilo, cantar em inglês ajuda a difundir mais a música;, afirma Popinigis.

FILHOS DE DONA MARIA
O grupo trouxe o samba de terreiro para o coração do Plano Piloto. Desde 2012, eles se apresentam às quintas no Balaio Café (201 Norte). Este ano, viram as apresentações no local adentrarem a agenda cultural da cidade e se tornarem ponto de referência. ;Toda semana aparece muita gente nova;, diz Khalil Santarém, integrante da trupe. No próximo ano, eles continuarão a tocar no local e planejam o primeiro disco.

RIOS VOADORES
A banda surgiu no fim de 2012 e já conquistou grande público na cidade, acumulando shows em festivais importantes, como o Porão do Rock e o Goiânia Noise. A vocalista, Gaivota Naves, que se agiganta durante as apresentações ao vivo, trabalha na pré-produção do primeiro disco. Ela busca, atualmente, influências que vão do jazz ao rock, como o pianista norte-americano Sun Ra e, claro, o ;tremendão; Erasmo Carlos.

ALESSANDRO CORRÊA
O violonista mineiro conseguiu visibilidade ao juntar, no mesmo balaio, duas paixões dos brasileiros: cachaça e boa música. O resultado é um dos discos mais interessantes produzidos na cidade no último ano, Bebida nacional, um passeio por gêneros diversos em composições inspiradas de Corrêa. ;Esse foi meu primeiro trabalho conceitual. Acho que isso ajudou a aumentar o interesse;, comenta.

SPACE NIGHT LOVE DANCE LASER
Tarimbados com 10 anos de discotecagem na noite brasiliense, o Sistema Criolina resolveu se arriscar no formato banda. Aos DJs Oops, Barata e Pezão juntaram-se os músicos Xande e Esdras (do Móveis Coloniais de Acaju), o guitarrista Dillo Daraujo e o baixista Vavá Afiouni. Nascia o projeto Space Night Love Dancer Laser, que resultou no primeiro CD do Criolina. Misturando ritmos brasileiros às músicas africana e caribenha, alcançaram grande repercussão nas redes sociais.

PHONOPOP
Emblemática dos anos 2000, a banda lançou seu primeiro disco, Já não há tempo, em 2005. Após oito anos, veio o segundo, Film, lançado em 2013: o ínterim trouxe alterações na formação e na forma de composição. A mudança também é sentida nas letras, como em Auto-retrato, o relato de um artista em plena crise criativa. ;No fundo, reflete o processo de amadurecimento da banda, parte da decisão de não repetir o primeiro disco;, observa Fernando Brasil, vocalista e guitarrista.

PABLO FAGUNDES
Ao lado do violonista Marcus Moraes, o gaitista Pablo Fagundes brindou o público brasiliense com um dos melhores discos do ano (autoral e instrumental). Elogiado por mestres do instrumento, teve um ano produtivo em termos de composição e já planeja um novo trabalho para breve. Representou o Brasil na Holanda e garante estar com a agenda cheia para 2014. Ele destaca o Festival de Música da Rádio Nacional FM como um dos momentos mais importantes do ano que passou.

SEXY-FI
Eles não lançaram demos ou EPs com rascunhos de canções que, mais tarde, integrariam um disco, como faz a maioria das bandas: o grupo surgiu com álbum completo, sem mencionar o clipe da faixa Pequeno dicionário das ruas, que concorreu ao Festival Curta Brasília. O quinteto foi convidado para tocar no festival South by Southwest (SXSW), em Austin, no Texas, em 2014, e prepara novo disco.

KELTON GOMES
O compositor e produtor musical, que lançou disco virtual em agosto deste ano, prepara o álbum físico para o começo do ano que vem junto ao clipe da canção Sem concerto. ;Comecei com a rodinha de violão, tocando Legião Urbana, mas a coisa ficou patológica quando conheci o Pink Floyd. Passei anos vidrado;, admite. De poesia sensível e marcante, o trabalho de Kelton valoriza a canção.

BIKINIS
Influenciada por conjuntos ingleses e norte-americanos da virada dos anos 1980, a banda lançou, de forma virtual, disco completo, em setembro deste ano. A partir daí, receberam alguns convites para tocar em Brasília e em outras capitais do país. As músicas, cantadas em inglês, definem apenas o processo natural de composição do grupo. ;Não é jogada de marketing. É o que me sai mais natural;, garante Victor Yrigoyen, vocalista.

FELIPE VIEGAS
O pianista começou a estudar aos 9 anos. Após passar pela Escola de Música, tornou-se bacharel em piano erudito pela Universidade de Brasília (UnB). ;Atualmente, meu repertório autoral foge da música clássica;, reconhece. Influenciado por nomes como Toninho Horta, Milton Nascimento e Dorival Caymmi, Viegas trabalha, neste momento, na produção de seu primeiro trabalho solo, instrumental, a ser lançado em abril de 2014.