Diversão e Arte

Les Pattinson, Nick Kilroe e Will Sergeant resgatam som de bandas alemãs

Com psicodélico, novo trabalho, 'Your mind is a box' não tem previsões para chegar ao Brasil

Estado de Minas
postado em 06/12/2013 09:53
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Talvez cansados do lado crooner que o parceiro Ian McCulloch tem deixado à mostra de uns tempos para cá ; como se não bastassem os mornos álbuns gravados pela banda-matriz na última década, o vocalista lançou em 2013 um álbum duplo acústico e recheado de baladas em arranjos orquestrais ;, o guitarrista Will Sergeant e o baixista Les Pattinson, também fundadores do mítico Echo & The Bunnymen, resolveram ir à forra e montar o projeto Poltergeist. Ao lado do baterista Nick Kilroe (ex-Black Velvets), eles resolveram se embrenhar em um trabalho radical, eletrificado e totalmente instrumental, cujo resultado foi colocado à prova no álbum Your mind is a box.

Mesmo considerando remotas as chances de o disco de estreia do Poltergeist ser lançado oficialmente no Brasil, vale a pena divulgar o esforço independente de Sergeant e Pattinson. Como seria de se esperar, a sonoridade do recém-formado trio foi embasada em estruturas melódicas que remetem especialmente às primeiras e mais psicodélicas gravações do E. Porém, Poltergeist é mesmo um ;outro; animal. Evocando a um só tempo o significado original da palavra ; em alemão, poltern significa ruído, e geist, espírito ;, bem como aquele tipo de evento sobrenatural que batizou o clássico filme de Tobe Hooper, a banda presta homenagem aos delírios forjados em magma e aço pelo assim chamado kraut-rock; subgênero progressivo que vingou na década de 1970 na Alemanha, com os cultuados Neu, Can, Cluster, Guru Guru e Amon Duul II.



[SAIBAMAIS]Também conhecido como motorik, termo cunhado pela imprensa alemã em alusão à batida repetida em 4/4 que propulsionaram lisérgicos transes sônicos, o kraut-rock (ou ;rock-chucrute;) deu origem a múltiplas vertentes e tendências. Algumas delas capazes de sobreviver ao teste do tempo e exercer inequívoca influência em gerações subsequentes. Que o digam artistas como David Bowie, Afrika Bambaataa, Joy Division, Brian Eno, Sonic Youth, My Bloody Valentine, Primal Scream, Mogwai, Radiohead, Mars Volta, LCD Soundsystem e Tame Impala, entre outros.

;Nossas composições foram geradas em um contexto de rock com os dedos dos nossos pés patinando sobre a espuma do oceano do prog e do kraut-rock e nossas cabeças ventiladas pelo ar seco da atualidade;; assim foi como Sergeant poeticamente tentou explicar o processo criativo por trás do Poltergeist. Se alguém ficar na dúvida diante da explanação do músico, vale seguir o conselho que o próprio estampou na contracapa de ;Your mind is a box;: ;Ouça este disco no volume máximo e com as luzes apagadas;. Uma senha que certamente haverá de descortinar portais para outras dimensões aurais, onde guitarras transbordantes de microtons em ré e efeitos phaser, flanger, fuzz e tremolo de faixas como ;Cathedral;, ;Psychic warfare;, ;Dawn visits the garden of evil; e ;The book of pleasures; vão arremessar o ouvinte numa vertiginosa viagem sensorial dos mais paradisíacos píncaros celestiais às ameaçadoras profundezas dos nove círculos do inferno.

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