Nahima Maciel
postado em 21/11/2013 08:46
A fusão entre o design ocidental e a estética artesanal das comunidades indígenas da Amazônia seduziu o júri do Salão do Móvel e do Objeto, em Paris. Dos oito trabalhos premiados na feira que reuniu 3,8 mil expositores, apenas um era brasileiro. A cesta de pães confeccionada com fibras de arumã e madeira de tucumã, uma palmeira amazônica usada pelos índios para fazer o arco que lança a flecha, ganhou o prêmio do salão em outubro. A repercussão foi tão grande que o designer Luiz Galvão, criador da peça, já tem encomendas para os próximos três anos.
Galvão nasceu em Porto Alegre, mas mora em Brasília há 35 anos. Aos 62, ele tem a Amazônia como fonte criativa e material para criar as mais variadas peças. Com produtos vindos da floresta, ele dá forma a objetos que vão desde mesas com 20 lugares até pequenos objetos, caso da cesta premiada. Boa parte do material usado nos objetos é fabricado pelas próprias comunidades ribeirinhas e indígenas. Galvão trabalha com cerca de 150 famílias, das quais adquire diretamente objetos artesanais e madeira vendida com permissão legal. ;Compro essas peças e faço uma criação juntando a cultura indígena e cabocla com a cultura ocidental. A madeira é resultado do revido florestal que é jogado fora pela indústria madeireira. E isso é revertido para essas famílias;, explica o designer.
A maioria das criações de Galvão acabam no exterior. Do total, apenas 3% a 4% são comercializadas no Brasil. Para o designer, esses números são fruto da falta de preocupação ambiental e estética do brasileiro. ;O Brasil é muito influenciado pela mídia e as pessoas procuram o que está em evidência. Os europeus adquirem um produto com a sua história e com o que representa para a humanidade. Eles têm uma consciência ecológica e estética bem mais desenvolvida;, garante. ;Não daria para fazer um trabalho dessa grandeza vendendo só para o mercado interno, não beneficiaríamos as famílias.;
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