Irlam Rocha Lima
postado em 21/11/2013 08:28
Paulo Marchetti era adolescente no começo da década de 1980 e andava pelas asas, pelos eixos e pelas quadras de Brasília, sempre na companhia das irmãs, Fernanda e Mila, amigas dos músicos que começavam a construir a cena do rock na capital federal. Logo depois, ele próprio já havia se enturmado com aqueles que retrataria, anos mais tarde, em O diário da turma: 1976-1986.
O livro que conta a história do Rock Brasília foi lançado em 2001, com noite de autógrafos, no Espaço Cultural Renato Russo, e vendeu 6 mil cópias. No momento, essa primeira edição está esgotada, embora haja raros exemplares à venda na internet, com preços que podem chegar a R$ 180. Uma relíquia para colecionadores. Quem não conseguiu adquiri-lo tem uma nova chance de saber um pouco mais sobre os personagens que colocaram a cidade no mapa da música brasileira.
Acaba de chegar ao mercado a segunda edição da obra que, mesmo um tanto condensada, mantém a essência, com saborosos relatos históricos feitos por jovens que, em início de carreira, conseguiram um grande feito: desenvolver o exercício de criação num território tido, até então, como árido e artisticamente vazio, e tornando-o pulsante.
Confira trecho do livro
Dinho
O segundo show que eu dei com o Capital foi fora de Brasília, no Circo Voador, no Rio. Foi a primeira vez que as bandas de Brasília tocaram fora. Foi um monte de gente da Turma. Tocamos nós, Plebe e Legião. Isso foi em 83.
Lembro do show que teve na Escola-Parque, onde tocou o Zero e o Virgens como banda de abertura, com Loro (no baixo), Eduardo e Zezinho (que mais tarde tocaram juntos no Finis Afric;). Gravamos uma música deles no segundo disco, chamada Fantasmas. Lembro que fiquei assustado e comentei comigo mesmo: ;Cara, essa banda é melhor que o Capital;.
Entre as três bandas (Capital, Plebe e Legião) o Capital Inicial foi a última banda a gravar. Eu me lembro que ficamos um pouco chateados com o pessoal da Legião e da Plebe porque eles não nos ajudaram. Em 83, quando as bandas passaram a tocar no eixo Rio;São Paulo, começou a rolar uma corrida de cegos para conseguir uma gravadora. Ficava aquele negócio de ver quem ia se dar bem, quem era melhor, quem ia vender mais. Nesse primeiro momento, as bandas se afastaram e não se aproximaram mais. A colaboração entre elas acabou quando elas saíram de Brasília. O Escola de Escândalo e a Elite Sofisticada também sofreram com isso. Em 91, quando o Capital Inicial tocou no Rock in Rio 2, tive a ideia de chamar o pessoal da Turma pra participar do show, fazendo uma jam. Ninguém topou.
Hermano Vianna
Quando eles iam para o Rio, ficavam na casa do Bi e na minha casa. Tem até uma história de que o Fê, sempre que viajava, levava um travesseiro. A Maria, empregada de casa, era louca por esse travesseiro e o Fê falou pra ela que se um dia ele gravasse um disco ele daria o travesseiro a ela. Quando ele gravou, foi até em casa e entregou-o à Maria.
Olavo
Depois do show no Circo Voador fomos a São Paulo num Fusca, com bateria, baixo, o Fê, o Flávio, eu, o Loro, a Inez e o Pedro Ribeiro. A polícia parou o carro, não acreditou naquilo, mas nos deixou passar.
Flávio Lemos
Quando fomos tocar em São Paulo, no sesc Pompeia, ficamos embasbacados com o pessoal de lá. Todos produzidos, cabelos coloridos... Nos identificamos muito porque no Rio não havia isso, só em Brasília, mas em menor escala. Fomos a primeira banda a tocar. Lembro que, depois do show, todos comentaram sobre ;a banda de Brasília;. Nós nos sentíamos em Nova York.
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