Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Livro sobre a história do rock em Brasília ganha segunda edição

"O diário da turma: 1976-1986" foi lançado em 2001 e ficou esgotado. Escrito por Paulo Marchetti, a segunda versão ganhou novos depoimentos



Acaba de chegar ao mercado a segunda edição da obra que, mesmo um tanto condensada, mantém a essência, com saborosos relatos históricos feitos por jovens que, em início de carreira, conseguiram um grande feito: desenvolver o exercício de criação num território tido, até então, como árido e artisticamente vazio, e tornando-o pulsante.

Confira trecho do livro

Dinho
O segundo show que eu dei com o Capital foi fora de Brasília, no Circo Voador, no Rio. Foi a primeira vez que as bandas de Brasília tocaram fora. Foi um monte de gente da Turma. Tocamos nós, Plebe e Legião. Isso foi em 83.

Lembro do show que teve na Escola-Parque, onde tocou o Zero e o Virgens como banda de abertura, com Loro (no baixo), Eduardo e Zezinho (que mais tarde tocaram juntos no Finis Afric;). Gravamos uma música deles no segundo disco, chamada Fantasmas. Lembro que fiquei assustado e comentei comigo mesmo: ;Cara, essa banda é melhor que o Capital;.

Entre as três bandas (Capital, Plebe e Legião) o Capital Inicial foi a última banda a gravar. Eu me lembro que ficamos um pouco chateados com o pessoal da Legião e da Plebe porque eles não nos ajudaram. Em 83, quando as bandas passaram a tocar no eixo Rio;São Paulo, começou a rolar uma corrida de cegos para conseguir uma gravadora. Ficava aquele negócio de ver quem ia se dar bem, quem era melhor, quem ia vender mais. Nesse primeiro momento, as bandas se afastaram e não se aproximaram mais. A colaboração entre elas acabou quando elas saíram de Brasília. O Escola de Escândalo e a Elite Sofisticada também sofreram com isso. Em 91, quando o Capital Inicial tocou no Rock in Rio 2, tive a ideia de chamar o pessoal da Turma pra participar do show, fazendo uma jam. Ninguém topou.

Hermano Vianna
Quando eles iam para o Rio, ficavam na casa do Bi e na minha casa. Tem até uma história de que o Fê, sempre que viajava, levava um travesseiro. A Maria, empregada de casa, era louca por esse travesseiro e o Fê falou pra ela que se um dia ele gravasse um disco ele daria o travesseiro a ela. Quando ele gravou, foi até em casa e entregou-o à Maria.

Olavo
Depois do show no Circo Voador fomos a São Paulo num Fusca, com bateria, baixo, o Fê, o Flávio, eu, o Loro, a Inez e o Pedro Ribeiro. A polícia parou o carro, não acreditou naquilo, mas nos deixou passar.

Flávio Lemos
Quando fomos tocar em São Paulo, no sesc Pompeia, ficamos embasbacados com o pessoal de lá. Todos produzidos, cabelos coloridos... Nos identificamos muito porque no Rio não havia isso, só em Brasília, mas em menor escala. Fomos a primeira banda a tocar. Lembro que, depois do show, todos comentaram sobre ;a banda de Brasília;. Nós nos sentíamos em Nova York.

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