Diversão e Arte

Em entrevista, Will Ellsworth-Jones fala sobre biografia de Bansky

O jornalista inglês conversou com o Correio sobre como é investigar a vida de um artista que esconde a própria identidade

postado em 05/11/2013 08:12
Para o escritor, Banksy escondia a identidade porque não queria ser pego
Depois de um mês de residência surpresa em Nova York, onde apresentou uma obra nova por dia, o artista de rua Banksy ganha, simultaneamente às intervenções, uma biografia não autorizada assinada pelo jornalista inglês Will Ellsworth-Jones, Banksy por trás das paredes. Diante do problema de escrever a biografia de uma pessoa que não revela sua identidade, Ellsworth-Jones fez o inusitado e abraçou a condição.



Se o escritor descobriu pistas que levariam a identidade de Banksy, ele oculta todas em seu livro. Seu objetivo é outro: contar a história do artista que foi do underground ao hype e, por meio de muitas entrevistas, contextualizar a obra de Banksy no mundo da arte. Em entrevista exclusiva ao Diversão & Arte, o autor fala um pouco do livro, de como foi correr atrás do artista do qual ninguém sabia o nome e dá sua opinião sobre a discussão das biografias não autorizadas que tem ocorrido no Brasil.

Entrevista Will Ellsworth-Jones

Por que o senhor acha que o Banksy esconde sua identidade?
Acho que originalmente Banksy escondia sua identidade porque ele não queria ser pego. Se ele fosse pego enquanto fizesse uma pichação no início de sua carreira em Bristol (Inglaterra), ele teria sido multado ou até preso. Nenhum grafiteiro poderia se dar o luxo de deixar a polícia descobrir sua identidade. Agora é um pouco diferente, acho que a polícia ficaria constrangida se o pegasse, então talvez seu anonimato tenha se tornado uma ferramenta de marketing. Mas não começou dessa forma certamente.

Trecho do livro Banksy por trás das paredes
A maioria dessas incursões bem-sucedidas veio acompanhada por reflexões de Banksy falsamente ingênuas e ligeiramente irritantes. Após seu sucesso em Nova York, ele mandou um e-mail ao New York Times dizendo que pensara em experimentar também o Guggenheim, mas que se sentiu muito intimidado: ;Eu teria que aparecer entre dois Picassos, e não sou bom o suficiente para me sair bem dessa.; Disse que preferia ser conhecido como um ;vândalo de qualidade;, em vez de um artista, e prosseguiu: ;Eu já percorri um monte de galerias de arte pensando ;eu podia ter feito isso;, então me pareceu simplesmente que devesse tentar. Essas galerias são simplesmente estantes de troféu para um punhado de milionários.

O público nunca tem chance de dizer algo sobre a arte que vê. Terminados os trabalhos em Nova York, Banksy estava de volta a Londres. Em maio, atacou na Galeria 49 do Museu Britânico, uma galeria movimentada, repleta de artefatos da Grã-Bretanha dos tempos do Império Romano. Sob uma estátua de Átis (na mitologia, o jovem amante da deusa-mãe Cibele, caso você se interesse em saber) e parcialmente escondida por uma lápide do século I d.C., Banksy conseguiu colocar uma convincente lasca de rocha bruta. Ao longo dela, em estilo de arte rupestre, estava desenhada a figura de um ;homem primitivo; empurrando com carrinho de supermercado. Na legenda, em cacteres quase idêntico aos das legendas das peças do Museu Britânico, lia-se:

O artista responsável é conhecido por ter criado uma obra substancial em todo o Sudeste da Inglaterra, sob a alcunha de Banksymus Maximus, mas pouco mais se sabe sobre ele. A maior parte desse tipo de arte não sobreviveu, infelizmente. A maioria é destruída pelos zelosos funcionários municipais que não conseguem reconhecer o mérito artístico e o valor histórico dos garranchos nas paredes.


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