O autor não considera Madrugada suja como um romance histórico propriamente dito, como os outros dois. De todo modo, a história nele contada tem um primeiro plano atual, que se passa em Portugal de hoje e aproxima-se do policial investigativo, narrado em linguagem mais nervosa e ágil, que se sobrepõe a um segundo plano, evocativo de um passado não muito remoto, mas determinante, com imbricações na Revolução dos Cravos e em sua curta experiência socializante, que MST cobriu como repórter. Advogado por formação, repórter experimentado, hoje ele é colunista do semanário Expresso e comentarista político do principal telejornal português.
Confira trecho do livro:
Às vezes, quando estava quase a fechar os olhos para dormir, voltavam as imagens daquela noite e a mesma dúvida de sempre: teria sido real ou um pesadelo? Depois, a contragosto, era forçado a aceitar que tudo se passara exactamente como se lembrava e exactamente como o vivera. Não há forma de escapar ao que está feito. Todavia, não há dúvida de que o ser humano é extraordinário na sua capacidade de adaptação a tudo, até mesmo à própria canalhice. Pois ele sobrevivera e seguira em frente, por vezes atormentado pelos remorsos e pela culpa, mas a maior parte das vezes fazendo por esquecer ; e conseguindo-o. Ocasionalmente, assaltava -o a tentação de apaziguar a sua consciência, de voltar atrás, contar tudo a alguém e enfrentar as consequências. Mas seguira sempre em frente, pensando que nada ganharia em destruir também a sua vida.
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