Você leria um livro que retrata a vida de Caetano Veloso? A trajetória de Chico Buarque rende algumas páginas? O que será que Roberto Carlos esconde? Teria ele colaborado com a ditadura chilena? Sofrido um acidente de trem? Alguém se importa?
Antes de debater a autorização (ou não) das biografias, talvez seja oportuno refletir acerca da demanda do mercado sobre o gênero. Nas principais praças editoriais do mundo, as biografias rendem números expressivos. Como a maior parte dos territórios soberanos não exige autorizações, os livros biográficos são produzidos a rodo e vendem como água. Alguns biografados chegam a receber atenção de dezenas de fontes e, assim, temos a ;mesma; história sob a ótica da mãe, do pai, da irmã, do historiador, da governanta e, por vezes, do próprio.
[SAIBAMAIS]No Brasil, graças ao impedimento dos badalados artigos do Código Civil (20 e 21), o andar da carruagem é um pouco mais letárgico. Enquanto a Associação Nacional dos Editores de Livros pressiona para mudá-los, artistas se reuniram no grupo Procure Saber para manter tudo como está. Ainda assim, as prateleiras estão repletas das mais diversas biografias, a maioria acerca de figuras históricas. Quando nos aproximamos de personalidades vivas (ou representadas por suas respectivas famílias), o vagão descarrila.
Para garantir acesso (mesmo que restrito) às informações, acabamos vítimas das autobiografias (vide o recente lançamento Gilberto bem de perto, escrito por Gil ao lado de Regina Zappa) ou dos textos autorizados (como o elogiado Cantando para não enlouquecer, de José Louzeiro, sobre a cantora Elza Soares).
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