O pai de Paula é fissurado pelo Alasca. Tentou ir várias vezes, sempre por terra. O movimento intriga a escritora desde a infância. ;Para mim, o Alasca não é o Alasca. É você querer chegar a algum lugar onde possa se sentir em casa, ou algum lugar que não tenha semelhança com o que você já conhece. É como se você pudesse chegar num lugar onde fosse encontrar paz, alegria, se sentir realizado e satisfeito. Ou seja, é um lugar onde você nunca chega. E por isso é longe;, explica a autora, em entrevista ao Correio. O primeiro a ler Partir foi Rubem Fonseca, amigo de Paula há 11 anos e fonte de inspiração constante. ;Ele tem um estilo muito conciso, enxuto. Admiro muito. É extremamente difícil fazer isso. Ele me influencia nesse ponto. E em pontos de vista de gosto: o que ler ou não ler. Ele é uma referência para mim;, avisa.
Trecho do livro
;Sou um homem que não sabe quantas profissões teve, nem quantas amantes. Nasci numa família de classe média, que paga juros pra se apresentar socialmente e teme o dia de amanhã. Porém, desde garotinho, nunca me preocupei com o que pensam de mim, nem com o futuro.
Não tenho mãe. Ela morreu há anos. A única coisa que restou dela foi uma pequena Bíblia Sagrada de capa dura preta, que ela me deu antes de falecer. Ela queria que eu fizesse a primeira comunhão. Nunca fiz. Mas guardo a Bíblia até hoje.
Não conheci meu pai, mas tive um padrasto que era mergulhador e me levava pra pescar. Eu tinha seis anos. Ficava sozinho segurando um barquinho a remo, quase em mar aberto, enquanto ele mergulhava só com máscara, cinto de lastro, snorkel e arpão. Ele ficava de dois a três minutos debaixo d;água e era capaz de descer a uma profundidade de trinta metros. Ele era bom. Certa vez demorou quatro horas pra desentocar um mero de três metros de comprimento e cento
e sessenta quilos.;
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