Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Em entrevista, filha de Chico Buarque comenta sobre participação em filme

Silvia Buarque participou das filmagens do longa Os pobres diabos, uma das atrações do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro



Pobres Diabos
É um filme realista com o toque filosófico do Rosemberg Cariry, centrado em uma trupe de circo decadente. São artistas bem ferrados mesmo. Eles estão montando um auto chamado A chegada de Lampião ao inferno, um embate entre Lúcifer e Lampião. A Creuza (personagem da Silvia) será a Maria Bonita. Tem um paralelo bem bonito com o Bye, bye Brazil do (Carlos) Diegues. A Bete Faria da caravana Rolidei foi minha inspiração para desenhar a Creuza, uma estrela decadente de circo.

Creuza
A personagem é tão diferente de mim que precisei me proteger. O mês de filmagens em Aracati, no Ceará, foi de imersão total. Me preparei, fui à fonoaudiológa, estudei. Ela é uma circense, uma artista vagabunda sem muito caráter. Nada a ver com meu leque de mulheres doces. Nunca havia sido chamada para interpretar uma vilã.

A sombra da mãe
Levo uma vantagem em não ser idêntica fisicamente a ela, então, não há como fazer essa dobradinha da fase mais nova de uma personagem da minha mãe. Não foi tão difícil escapar dessa armadilha. Procurei muito na minha vida criar uma independência de dois nomes fortes, o do meu pai e da minha mãe. Acho que consegui me desvencilhar das comparações para trilhar meu próprio caminho.

Primórdios
Comecei muito cedo em teatro estudando com o Carlos Wilson, o Damião, o papa do teatro juvenil nos anos 1980. Muita gente da minha geração estudou com ele. Continuei no teatro por opção minha mesmo. Era a época dos grandes encenadores como Moacir Góes, Aderbal Freire Filho e Bia Lessa. Depois, a tevê me pegou cedo. Comecei com Corpo santo (1987), Dona Beija (1986) e Bebê a bordo (1988).

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