Pedroso e Helena escolheram as obras, enquanto Cícero e Ferraz ficaram encarregados dos poemas. Curiosamente, também há muitos versos modernistas, especialmente de Carlos Drummond de Andrade, entre os selecionados pela dupla. Mas não se trata de ilustrar as obras. ;A ideia era expor o acervo de modo que as artes plásticas sobressaíssem;, explica Cícero. ;A poesia serve como pontuação, dando uma sintaxe à exposição. Os poemas não estão interpretando as obras, mas estabelecem um diálogo com elas.;
Cícero lembra que, na maioria das grandes exposições, o público não costuma parar mais de dois segundos diante das obras. O poema, ele espera, pode ajudar a reter a atenção. ;A ideia é que as pessoas reflitam mais sobre a obra que estão vendo. A poesia tem sonoridade, alusões;, repara. Helena Severo lembra que o acervo não foi formado com o objetivo de constituir uma coleção, por isso não há uma unidade ou um perfil definido para o conjunto. ;É uma coleção de arte brasileira moderna, mas não tem como base inicial um projeto de formação de uma coleção. Ela foi feita ao longo do tempo, agregando acervo;, avisa a curadora.
Nomes como Alfredo Volpi, Emiliano di Cavalcanti, Milton Dacosta, Cícero Dias, Gilvan Samico, José Panceti, Fayga Ostrower, Arcângelo Ianelli e Tomie Ohtake integram a mostra, que tem também artistas contemporâneos, como Tuca Reinés e Cássio Vasconcellos.
Elly de Vries, coordenadora do acervo do Santander, explica que o banco desenvolveu uma política de aquisições e continua investindo em obras de artistas contemporâneos. ;Essa coleção era contemporânea em seu tempo, a gente nota que se comprava o que estava sendo feito pelos artistas da época. Então, nossa tendência é de continuar comprando o que os artistas estão produzindo hoje;, garante Elly. Produzida pelo escritório Oficina de Arte, a mostra custou R$ 1,5 milhão captados com base na Lei Rouanet.